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Presépio Vivo de Priscos há oito anos a dar trabalho aos reclusos do Estabelecimento Prisional de Braga

© CM Braga

O Presépio Vivo de Priscos dá trabalho, há oito anos, aos reclusos do Estabelecimento Prisional de Braga.

O projeto “Mais Natal Priscos”, da Paróquia de Priscos, resulta de um protocolo assinado entre a Paróquia e a Direção Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP).

Para João Torres, mentor do projeto, “o Presépio ao Vivo de Priscos é uma esperança, talvez mesmo um sonho que começou a realizar-se, na vida de muitos reclusos que são considerados não apenas pelo crime cometido, pelo qual estão a cumprir pena de prisão, mas também pela capacidade de fazer o bem. Aqueles que se comprometem a trabalhar neste projeto, vivem livres de drogas e participam na sua reabilitação e antecipam a sua liberdade condicional”.

“Quando se fala de trabalho no exterior do Estabelecimento Prisional não é só de reinserção que se está a falar, mas de inserção na realidade da vida, está-se a dar ferramentas que não tiveram antes, já que muitos deles viveram em ambientes desestruturados. A reabilitação pode ser um fator-chave que determina se um recluso será integrado na sociedade após a pena de prisão”, refere o pároco.

João Torres explica que “permitir que reclusos antes do fim da sua pena passem algum tempo na comunidade é um elemento vital para sua reintegração na sociedade. Pode ajudá-los a obter uma valiosa experiência de trabalho, obter qualificações ou aprender novas habilidades, não só técnicas, mas também sociais. A reabilitação reduz a reincidência e apoia o regresso à vida ativa. Este é o principal objetivo do projeto “Mais Natal Priscos” desenvolvido no Presépio ao Vivo de Priscos, que ao longo destes 8 anos já apoiou cerca de 50 reclusos. Este projeto utiliza o tempo das pessoas encarceradas para lhes proporcionar as competências necessárias para aumentar as suas possibilidades de conseguir um emprego, habitação e estabelecer mecanismos de apoio que possam utilizar quando estiverem em liberdade”.

No Presépio Vivo de Priscos, os reclusos cumprem um horário de trabalho entre as 08:30 e as 17:00, com intervalo de 60 minutos para almoço, entre as 12:00 e as 13:00. Têm remuneração mensal. Uma parte do vencimento, cerca de metade, fica retido numa conta para que os reclusos possam fazer um pé-de-meia que lhes será devolvido quando saírem em liberdade. Nem todos têm suporte familiar que lhes garanta “uma saída tranquila”.

Os reclusos que trabalham em Priscos viajam nos Transportes Urbanos de Braga (TUB), com o apoio da Câmara Municipal de Braga, e almoçam num espaço público, convivendo com pessoas da comunidade. “Estas realidades, são sem dúvida, uma inovação social dentro das experiências realizadas em Portugal”, refere João Torres.

“Quando falamos de pessoas presas, esquecemos de Jesus e do que ele acha dos pecadores. Mesmo que estejam nas prisões, são filhos e filhas de Deus, portanto nossos e nossas irmãs. A carta aos Hebreus cap 13,3 diz: ‘Lembrai-vos dos presos, como se estivesses preso(a)’. Esta é a grande missão do Presépio ao Vivo de Priscos, que está mais preocupado com a justiça restaurativa do que com a justiça punitiva. Isto não descarta a nosso reconhecimento e apoio primário às vítimas de crimes. Mas descobrimos com dedicação e empenho que a melhor forma de evitar novas vítimas e de compensar tanto quanto possível aqueles que sofreram o crime é esforçarmo-nos por garantir que não hajam mais crimes, que os infratores sejam devidamente atendidos, que assumam a responsabilidade pelos seus crimes, que peçam perdão e tentem indemnizar as vítimas e que, finalmente, a reconciliação seja possível. Não é uma utopia. Esta tem sido a nossa missão”, finaliza o mentor do projeto.

Presépio Vivo de Priscos está de regresso de 10 de dezembro de 2023 a 14 de janeiro de 2024. Conheça os horários aqui.

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