A Unidade Local de Saúde de Braga celebrou hoje o Dia Mundial do Cuidador com uma iniciativa dedicada ao reconhecimento e valorização do papel essencial dos cuidadores informais em Portugal.
A comemoração teve lugar no Hospital de Braga, onde foi promovido um debate sobre a importância destes cuidadores que “desempenham um papel vital no apoio às pessoas dependentes no país”. Estima-se que, atualmente, existam cerca de 1,4 milhões de cuidadores informais em Portugal, representando aproximadamente 10% da população.
Durante o evento, Elisabete Dias Pinheiro, enfermeira adjunta da Unidade Local de Saúde de Braga, destacou o impacto crescente destes cuidadores no atual contexto demográfico e social. “O papel do cuidador informal, que são, geralmente, familiares ou amigos que cuidam de pessoas com necessidades de apoio prolongado, é cada vez mais relevante. Com o envelhecimento da população e a prevalência crescente de doenças crónicas, o cuidador informal tornou-se fundamental para o suporte social e emocional de muitas pessoas, especialmente no contexto português, onde as respostas sociais escasseiam”, disse.
Elisabete Pinheiro salientou ainda “os desafios que os cuidadores informais enfrentam, como o stress emocional e a exaustão física, muitas vezes aliados a dificuldades em conciliar a vida profissional e familiar, fatores que aumentam o risco de burnout e problemas de saúde”.
A enfermeira apelou a um reforço do apoio aos cuidadores, enfatizando a “necessidade de mais formação, redes de suporte e descanso, além de apoio financeiro e psicológico”. “Reconhecer e valorizar o papel do cuidador informal é essencial para melhorar a sustentabilidade deste modelo de cuidado e a qualidade de vida de todos os envolvidos”, reforçou.
O evento contou com sessões sobre temas de relevância para os cuidadores informais, como as parcerias de cuidados, o papel das Unidades de Cuidados Continuados neste contexto, através de um acompanhamento especializado, que capacitam os cuidadores e ajudam a cuidar da sua saúde mental, podendo ainda colaborar com profissionais da Segurança Social na criação de planos de intervenção personalizados.
Foi ainda abordado um dos recursos existentes na comunidade, como é o caso do CCEA (Centro de Competências de Envelhecimento Ativo) que podem facilitar o quotidiano de quem cuida.
No debate sobre o futuro dos cuidadores informais, foi defendido um modelo que permita a estes cuidadores assumir um papel central e informado na vida dos seus familiares ou amigos em necessidade, caso assim o desejem. Para alcançar esta meta, considerou-se “essencial um apoio mais robusto por parte do Estado e da sociedade, para garantir que os cuidadores informais possam também preservar a sua própria qualidade de vida”.
Durante o evento, foi ainda assinado um protocolo de colaboração entre a Unidade Local de Saúde de Braga e a Associação de Cuidadores, Familiares e Amigos de Braga.
A ACFAB, uma organização bracarense, foi fundada em 2018 e que tem missão como criar redes de apoio e estratégias de intervenção capazes de defender interesses e colmatar dificuldades sinalizadas pelos Cuidadores Informais, Cuidadores Formais, Familiares e Amigos do Distrito de Braga.
Este acordo reforça o compromisso de ambas as instituições no desenvolvimento de iniciativas que visam a capacitação dos cuidadores informais, a promoção dos seus direitos e o apoio à saúde e bem-estar destes cuidadores.