O Programa Health Research 2020, da Fundação “la Caixa”, distinguiu na sua edição de 2020 dois projetos de investigação da Escola de Medicina da Universidade do Minho (UMinho) num total de oitocentos mil euros.
O projeto de Ana João Rodrigues, “Encoding reward and aversion in the mammalian brain: the overlooked role of endogenous opioids”, cujo objetivo é perceber como o cérebro codifica o prazer e a aversão, foi financiado com 500 mil euros. “Este projeto vai usar ferramentas avançadas para registo da atividade neuronal para compreender como é que os neurónios do nucleus accumbens atribuem valência, e como é que esta informação é descodificada originando prazer ou aversão. A longo prazo, este conhecimento ajuda a compreender os mecanismos subjacentes a patologias como a depressão e adição, onde se sabe que existe uma disfunção do circuito que codifica o prazer e a aversão”, explica Ana João Rodrigues.
“Desde que acordamos que somos inundados com estímulos variados do exterior. Neste contexto, o nosso cérebro evoluiu para filtrar informação e focar-se nos estímulos que são emocionalmente relevantes. Este filtro baseia-se na atribuição de um selo positivo ou negativo aos estímulos, um fenómeno que designamos como valência. Um estímulo com valência positiva induz recompensa, enquanto que um estímulo com valência negativa induz aversão”, afirma a vencedora Ana João Rodrigues.
Já a equipa do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS), da Escola de Medicina da Universidade do Minho, liderada por António Salgado, foi financiado com 300 mil euros no âmbito do projeto “Diamond4Brain – Diamond photonics platforms for synaptic connectivity assessment in healthy and Parkinson disease neuronal models”, coordenado pela investigadora do Instituto Ibérico de Nanotecnologia (INL) Jana Nieder, contando também com a participação do grupo de Ramiro Almeida, da Universidade de Aveiro.
“A Doença de Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa com maior prevalência a nível mundial, sendo caracterizada por uma morte progressiva de uma população específica de neurónios. O objetivo deste projeto visa estabelecer novas metodologias através da utilização de nanosensores de diamante que permitam detetar esta doença de uma forma precoce, possibilitando assim o desenvolvimento de terapias mais eficazes. A equipa do ICVS vai testar estas novas metodologias em estruturas denominadas por mini-cérebros (mini-brains), desenvolvidas a partir de células estaminais pluripotentes induzidas, conseguindo ‘imitar’ a estrutura de um cérebro, o que possibilita recriar as condições da doença de Parkinson”, explica António Salgado.
O Programa Health Research 2020 atribuiu um total de 18 milhões de euros a 25 projetos de investigação biomédica. Dos projetos finalistas, 21 foram selecionados na convocatória HR20, 3 foram selecionados em colaboração com a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Portugal, e 1 em colaboração com a Fundação Luzón, que visa estimular a transferência de conhecimento para a sua aplicação na área da saúde e contribuir para o bem-estar das pessoas.