As eleições autárquicas de 2025 em Braga prometem trazer um novo dinamismo ao panorama político local, marcado pela fragmentação da direita e pela entrada de novos protagonistas. A poucos meses do sufrágio, o cenário é bem diferente do de 2021, quando a coligação “Juntos por Braga” venceu com uma margem de cerca de 10 mil votos.
Desta vez, a direita apresenta-se dividida. Além da coligação liderada por João Rodrigues, que procura renovar o mandato, surgem outras candidaturas com potencial para dispersar o eleitorado tradicionalmente conservador. Uma das novidades mais marcantes é Rui Rocha, ex-líder da Iniciativa Liberal, que se apresenta como cabeça de lista na cidade onde construiu parte da sua notoriedade política. A sua candidatura representa um salto qualitativo para o partido, que aposta na credibilidade do antigo dirigente para conquistar votos entre os mais jovens e entre o eleitorado urbano exigente.
Ao mesmo tempo, Ricardo Silva, antigo presidente da Junta de Freguesia de S. Victor, avança como independente, com um histórico de proximidade às populações e com capital político próprio. A direita vê-se assim confrontada com uma divisão que pode comprometer a sua força eleitoral. A estas candidaturas junta-se ainda o Chega, que apresenta Filipe Aguiar, numa tentativa de reforçar a sua presença no município, embora até agora com resultados residuais.
Neste novo xadrez político, o Partido Socialista surge como o principal beneficiado. Com António Braga como candidato, o PS aposta na estabilidade e numa estrutura partidária bem consolidada no concelho. O perfil do candidato é discreto, conhecedor da realidade local, agrada a uma base eleitoral fiel, sobretudo nas freguesias urbanas mais densamente povoadas.
A conjuntura favorece o PS, num momento em que a direita se apresenta fragmentada e sem uma liderança consensual. Tudo indica que os socialistas poderão conquistar a Câmara Municipal, pondo fim a uma década de governação pela coligação de centro-direita. No entanto, o desfecho permanece em aberto, num contexto onde a abstenção e a mobilização do eleitorado flutuante poderão desempenhar um papel decisivo.
Para além da contabilidade dos votos, estas eleições serão também um teste ao grau de maturidade política dos candidatos e à capacidade de responderem aos desafios reais da cidade: habitação acessível, mobilidade urbana, sustentabilidade ambiental e transparência na gestão pública.
Braga é hoje uma cidade em crescimento e transformação. Cabe agora aos eleitores decidir se este novo ciclo se fará com continuidade ou com mudança, e em que moldes.
Opinião de José Macedo.
