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Braga: São Victor destaca o papel da mulher na cultura e na sociedade

© Sandra Catarina Antunes

No âmbito das comemorações do 25 de Abril, a Junta de Freguesia de São Victor, em Braga, recebeu a iniciativa “Quantos Cravos cabem num Cravo?”, pelo Grupo de Cantares “Mulheres do Minho”. A conversa-concerto teve como objetivo dar a conhecer os cantares polifónicos da região do Minho e realçar o papel da mulher na cultura e na sociedade.

Ana Maria Azevedo, presidente do Grupo de Cantares “Mulheres do Minho”, disse que os ensaios dos cantares polifónicos decorrem às segundas-feiras na Junta de Freguesia de São Victor, deixando o convite a quem queria juntar-se ao grupo. “Éramos sete elementos, mas com a idade das mulheres, ficámos apenas duas. Hoje somos 14, mas deixo o convite a quem queira juntar-se a nós. Anualmente fazemos o espetáculo ‘Botar das Almas’ na Capela de Guadalupe e participamos na Procissão da Burrinha. Temos ainda a rubrica ‘Vozes ao Alto, Fala Mulheres’, na radio Antena 2, transmitida às segundas-feiras, às 11:00 e às 15:00”, referiu.

A presidente contou que o grupo surgiu quando fez “recolhas de cantares” nas freguesias para o mestrado. “Como as mulheres eram bastante idosas, os cantares iam desaparecendo. Nós fazemos tal e qual como elas faziam e não temos ninguém que nos rege. Os cantares são muito diferentes daquilo que eu tinha e daquilo que é a música minhota, que é ritmada, com alegria e instrumentalizada, e estes cantares são precisamente o contrário. Os instrumentos são à capela, são lentos, são várias vozes e bastante difíceis de cantar. A minha surpresa, quando comecei as recolhas, foi ver que aquelas mulheres, já muito idosas, todas iletradas, conseguiam executar esses cantos tão difíceis que são vozes que entram por patamar até formar uma harmonia bastante rica”, afirmou Ana Maria Azevedo.

De acordo com Ana Martins, também membro do Grupo de Cantares “Mulheres do Minho”, esta iniciativa teve como objetivo comemorar os 49 anos do 25 de Abril com os cantares polifónicos “como afirmação do nosso povo”. “Decidimos comemorar os 49 anos do 25 de Abril porque achamos importante comemorar a revolução e os seus ideais pacifistas de uma sociedade livre, justa e solidária. Achamos que os cantares polifónicos são uma afirmação do nosso povo. Estes valores tiveram oportunidade de se afirmarem com o 25 de Abril e que nós queremos continuar a viver. É uma conversa sobre os cantares polifónicos da região minhota e é um concerto, ao mesmo tempo que damos a conhecer este património, que faz parte do nosso repertório. É desta forma que comemoramos o 25 de Abril a cantar “, sublinhou.

© Sandra Catarina Antunes

Para Ana Martins, “as polifonias femininas são revolucionárias”. “Da perspetiva feminina, achamos que há qualquer coisa de emancipador e poderoso num grupo de mulheres e que erguem as suas vozes muito alto, fazendo frente a um sistema que ainda hoje insiste em negar-lhes protagonismo, direitos e imagem”, contou.

Por seu turno, Ricardo Silva, presidente da Junta de Freguesia de São Victor, realçou o papel da mulher na sociedade, tendo referido que “ainda há muito a fazer devido a alguns resquícios da ditadura”. “Nós aqui emparceiramos com o Grupo dos Cantares das ‘Mulheres do Minho’ com dois objetivos claros. Primeiro, assegurar os valores do 25 de Abril através da música. Sabemos que antes do 25 de abril de 1974, havia a ditadura, a censura e havia formas de toldar a liberdade, e nós hoje queremos celebrar os valores que o 25 de Abril nos trouxe. Por outro lado, queremos causar aqui a emancipação feminina e exacerbar os valores femininos. O papel da mulher é importantíssimo e sabemos que ainda há muito ainda a fazer. Há ainda alguns resquícios da ditadura que ainda subsistem hoje naquilo que deveria ser acesso à igualdade de género ,que muitas das vezes não o é, mas vamos tentando destas formas porque a cultura faz-se transformando a partir dos valores destas iniciativas culturais”, concluiu o autarca.

No final na conversa-concerto, foi oferecido um cravo a todas as pessoas presentes.

Esta iniciativa contou também com a presença de Mário Meireles, secretário da Junta de Freguesia de São Victor, e Elisabete Gonçalves, tesoureira.

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