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Universidade do Minho acolhe Encontro Ibérico sobre Ondas Gravitacionais

© UMinho

A Escola de Ciências da Universidade do Minho acolhe de 6 a 8 de junho o 12º Encontro Ibérico sobre Ondas Gravitacionais, que vai analisar os últimos avanços sobre astrofísica e cosmologia. O evento decorre no auditório B1 do campus de Gualtar, em Braga, e pode também ser acompanhado online. O programa inclui 43 palestras e nove oradores convidados, como David Weir (Universidade de Helsínquia, Finlândia), Katy Clough (Universidade de Londres, Inglaterra) e Paulo Freire (Instituto Max Planck, Alemanha).

Este encontro anual nasceu em 2011 pela Rede Espanhola de Ondas Gravitacionais e estreia-se agora em Braga, coorganizado pelo Centro de Física das Universidades do Minho e do Porto e pelo Gr@v da Universidade de Aveiro. A iniciativa vai divulgar as novidades na área, promover sinergias entre investigadores e contribuir para a internacionalização do seu trabalho, explicam os professores coordenadores do evento, António Onofre e Carlos Herdeiro.

Uma “folha elástica” entre Einstein e o Nobel

As ondas gravitacionais foram previstas pela teoria da relatividade geral de Einstein em 1916, mas só foram detetadas um século depois, facto que levou ao Nobel da Física’2017. Na prática, o universo é como uma “folha elástica” que curva com os objetos pesados colocados em cima dela, desde estrelas, planetas, buracos negros ou galáxias. O Sol deforma mais a “folha elástica” do que os planetas que o circundam, pois tem mais massa e atrai-os na direção dele.

As ondas mensageiras que Einstein referia são como quando atiramos uma pedra num lago ou o rasto deixado na água pelo barco. Propagam-se no espaço-tempo à velocidade da luz, como as ondas acústicas se propagam num meio material à velocidade do som. Ou seja, são vibrações geradas por um objeto com massa em movimento, sobretudo muito maciço, como as colisões de buracos negros, de estrelas de neutrões ou bosões ou o colapso de supernovas. Em 2015, mediu-se precisamente uma onda da fusão de dois buracos negros a 130 milhões de anos-luz de distância, totalizando cerca de 62 vezes a massa do Sol. A onda chegou à Terra, passou pelo detetor de Washington e, após sete milissegundos, pelo de Louisiana, também nos EUA.

O evento na UMinho vai focar desde a teoria das ondas gravitacionais à análise de dados das experiências que as detetam. Aliás, a sua deteção coincidente com observações ligadas, por exemplo, à emissão de raios gama (fotões) abre uma área de investigação: os multi-mensageiros.

As ondas gravitacionais trazem dados valiosos sobre os sistemas que as criam. Se for um sistema binário de buracos negros, aprendemos sobre estas grandes estrelas que morreram e originaram objetos superdensos onde nem a luz escapa e, também, se Einstein teria razão. Se for binário de estrelas de neutrões, aprendemos sobre o interior destas e sobre física nuclear. E se forem geradas por (ainda hipotéticas) estrelas de matéria escura, entenderemos a natureza deste mistério da física contemporânea. Com futuros detetores, espera-se ainda encontrar ondas sobre os primórdios do universo, que terá sido criado há 13.800 milhões de anos pelo Big Bang.

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