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OpiniãoRespeitar a todos e à nossa saúde
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Respeitar a todos e à nossa saúde

João Araújo Correia

Saúde. Nenhum de nós tinha alguma vez sentido na pele os efeitos devastadores de uma pandemia. Esta, provocada pela Covid-19, tem sido especialmente perturbadora, pela rapidez com que se espalha pelo mundo e pela variabilidade dos efeitos provocados nos infetados, que ficam sem quaisquer queixas significativas ou ficam a bater às portas da morte. Esta imprevisibilidade das consequências da infeção pela SARS-Cov permite que seja dado crédito às alarvidades pronunciadas pelos políticos populistas, mesmo com a dolorosa verdade de caminharmos para os 3 milhões de mortos.

A saúde é um bem precioso, reconhecido por qualquer um. Sem ela, ficamos frágeis e, num ápice, deixamos de dar valor às coisas materiais. Fazemos promessas mentais de bom comportamento e ajoelhamos perante quem nos possa ajudar a sair daquele aperto. No auge da pandemia, havia milhares de doentes infetados nos hospitais, outros em casa a rezarem para não piorarem, e muitos milhões, ainda saudáveis, com o pânico de poderem sucumbir no dia seguinte. Na primeira vaga, o país ficou petrificado e incrédulo. Quase todos tememos pela nossa saúde, talvez irremediavelmente perdida, se já tínhamos alguma doença prévia ou sujeitos à roleta russa do destino que a Covid-19 nos trouxesse.

Não me surpreende que as palmas de agradecimento aos profissionais de saúde se tenham calado, muito antes da acalmia dos números da pandemia. Aliás, nalguns casos, assistiu-se a um crescente sentimento de revolta, contra os especialistas que recomendavam alguma contensão na velocidade do desconfinamento, enquanto o SNS não retomasse a sua capacidade de tratar os doentes covid e os não covid. Embora triste, pelo contraste tão evidente de atitudes, é compreensível o silêncio das varandas. A manutenção dos gestos de gratidão, durante um grande período de tempo, acaba por cansar. Ainda mais, quando os problemas económicos se vêm juntar, e são postas em causa necessidades básicas, há muito consideradas resolvidas.  Mas, o reconhecimento e o respeito pelo trabalho abnegado dos profissionais de saúde deveria manter-se.

O respeito que temos por alguém, por um princípio ou por uma instituição, é um sentimento nobre, civilizado e democrático. Nestes tempos conturbados, espero que tenhamos aprendido a ter respeito pela nossa saúde. Nunca foi tão evidente, que a defesa da nossa saúde individual, contribui para a saúde coletiva. Procurar não ficar doente, numa altura em que os Hospitais estão em colapso, é inteligente para o próprio, e a melhor forma de respeitar os outros, em que também se incluem os médicos e os enfermeiros e a restante equipa de saúde.

No dia 7 de abril, Dia Mundial da Saúde, lembremos a importância de preservarmos a nossa saúde, respeitando-nos a nós próprios e aos outros, fazendo disso uma norma de vida.

Artigo de opinião de João Araújo Correia, presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna.

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