As ruas de Braga foram pequenas para acolher as milhares de pessoas que se mobilizaram ao Centro Histórico para presenciar à Procissão do “Ecce Homo”.
Organizada pela Santa Casa da Misericórdia, este cortejo religioso, também conhecido como a Procissão do Senhor da Cana Verde, evoca o julgamento de Jesus, celebrando, ao mesmo tempo, a misericórdia por ele ensinada.
A procissão abriu com o grupo dos Farricocos, trajados com vestes de penitência, descalços e encapuçados, de cordas à cinta, como outrora os penitentes públicos, uns a empunhar matriarcas e outros a alçar fogaréus. Por sua vez, os Fogaréus evocaram os guardas que, munidos de archotes, foram, durante a noite, prender Jesus Cristo.
No cortejo também integraram várias figuras alegóricas da Ceia e do Julgamento de Jesus, bem como quadros alusivos à história e vivência das catorze obras da Misericórdia. Nela desfilaram também os irmãos da Santa Casa da Misericórdia de vários pontos do país, vestidos com uma opa negra e a segurar uma tocha acesa.
A Procissão integrou um único andor, o do “Ecce Homo”, que em latim significa “Eis o Homem!”, derivado a Jesus ter sido entregue por Pilatos há mais de 2000 anos. No fim, o Prelado leva a relíquia da verdadeira Cruz onde Jesus Cristo foi crucificado.
A Procissão do “Ecce Homo” é uma das manifestações mais significativas da Semana Santa. Com origem entre os finais do século XVI e princípios do século XVII, durante o período da Quaresma, os Farricocos e Fogaréus chamavam os pecadores à rua para a penitência, perdoando-lhes e reintegrando-os na Igreja, na Quinta-feira Santa.
O simbolismo e o significado desta procissão é a misericórdia, a indolência e o reconhecimento do que aconteceu com Jesus na quinta-feira à noite antes da sua crucificação.