O Instituto de Investigação em Ciências da Vida e da Saúde (ICVS) da Escola de Medicina da Universidade do Minho está a desenvolver um projeto de investigação, para encontrar novos tratamentos para a malária, uma doença que, em 2018, atingiu 228 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais 405 mil acabaram por morrer, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS).
“O meu objetivo é poder contribuir para a redução do número de casos de morte por malária, em todo o mundo”, afirma Isabel Veiga, investigadora do ICVS, responsável pelo projeto. Os estudos desenvolvidos, com ênfase na espécie mais mortífera Plasmodium falciparum, vão desde a descoberta e validação de fatores moleculares que levam à falência terapêutica, desenvolvimento de novos fármacos e, até mesmo, ao desenvolvimento de dispositivos diagnósticos para a doença.
“É importante realçar que os números têm vindo a diminuir desde as últimas duas décadas, com mais de um milhão de mortes reportadas no ano 2000. Este decréscimo, muito encorajador, deveu-se, entre outras medidas, ao uso da combinação terapêutica baseada na substância artemisinina. No entanto, é também de salientar que a presente realidade de resistência, reportada em 2008, à composição atualmente utilizada, pode estar a refletir-se no número de casos que temos atualmente, e que tem vindo a manter-se, desde 2015”, explica a investigadora, referindo que trabalhar em malária começou por ser uma oportunidade de estágio, que gostou e à qual se tem dedicado ao longo do últimos 16 anos.
“A verdade é que esta doença também me agarrou pelo coração, pois afeta maioritariamente crianças, com menos de cinco anos. Tive a oportunidade marcante de presenciar crianças em coma por malária, numa viagem de estudo em Uganda, África, em 2007”, acrescenta.
Isabel Veiga lembra, ainda, que Portugal já foi um país de malária e que, apesar de, atualmente, se tratar de uma doença de países tropicais e subtropicais, é de declaração obrigatória no nosso país. Portugal regista uma média de 200 casos importados por ano, maioritariamente em portugueses que estiveram em trabalho nos PALOP. “A malária torna-se assim uma doença com relevância de estudo para o nosso país. Em colaboração com alguns hospitais do Norte, tenho vindo a desenvolver um estudo de marcadores moleculares de resistência dos casos importados”, ressalva a investigadora.
A malária é uma doença provocada por protozoários do género Plasmodium. O parasita é transmitido através da picada do mosquito (género Anopheles). Uma vez no ser humano, os parasitas vão primeiramente multiplicar-se no fígado, passando posteriormente a infetar os glóbulos vermelhos do sangue. Além de febre, os sintomas da malária são variáveis, sendo os casos mais graves, inclusive morte, causados pela espécie Plasmodium falciparum.