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Investigador explica porque é que a Covid-19 pode não ser transmitida através do contacto com superfícies

Recentemente, a Organização Mundial de Saúde (OMS) referiu que não é possível confirmar se o coronavírus infeta os humanos após o contacto com superfícies contaminadas. Esta é uma informação aparentemente contraditória às conclusões de alguns estudos científicos, que revelam que o vírus se mantém ativo durante algum tempo sobre superfícies como plástico ou metal.

Miguel Castanho, investigador principal do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes (iMM) e Professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, explica que “os estudos científicos são feitos em condições controladas, tipicamente com superfícies de materiais puros, limpos, em temperatura e humidade controlada. Estes estudos estabelecem que o SARS-CoV-2 tem um potencial de se manter ativo por períodos mais ou menos longos, que variam entre horas e dias. O que a OMS vem dizer é que esse potencial pode eventualmente não se concretizar na maioria das condições práticas do dia a dia, isto é, não existe prova que esse potencial esteja a ser efetivamente uma via de contágio muito significativa”.

“Um vírus não tem metabolismo próprio nem se multiplica por si só – para isso precisa de uma célula. Não é considerado vivo por esta razão, embora consiga interferir com a vida. Quando interage com células onde consegue entrar, transforma as células em ‘fábricas’ de novos vírus. Contudo, para interferir com uma célula, os vírus têm de ter composições e estruturas bem definidas. As moléculas que compõem os vírus e a sua organização são relativamente frágeis. Dentro do organismo do hospedeiro as condições são amenas para os vírus: a temperatura varia pouco, o pH é relativamente constante e todo o ambiente é biológico. Contudo, quando fora de um organismo vivo, na maior parte das condições do meio em que vivemos, os vírus ficam sujeitos a condições físicas e químicas, como variações de temperatura, desidratação, oxidações, adesão a superfícies gordurosas, etc, que podem acabar por destabilizá-los e inviabilizar a sua ação”, esclareceu Miguel Castanho.

O investigador acredita que a “transmissão mais significativa e mais favorável aos vírus é a passagem de uma pessoa diretamente para outra pessoa, em partículas exaladas por uma e inaladas por outra. Havendo contágio através dos objetos, ele não será tão significativo; além das condições adversas que os vírus podem enfrentar sobre os objetos, a transmissão é muito indireta: exalação de uma pessoa – mão dessa pessoa – objeto – mão da outra pessoa – cara da outra pessoa – vias respiratórias”.

Ainda assim, Miguel Castanho reforça que “devemos ser cautelosos e alguns procedimentos simples podem fazer a diferença: uso de máscara sempre que há proximidade de outras pessoas e lavagem das mãos” e, conclui, “não podemos controlar a desinfeção de todos os objetos, mas podemos controlar a lavagem das nossas mãos e mantermo-nos protegidos”.

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