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OpiniãoHá dois segundos no Planeta Terra

Há dois segundos no Planeta Terra

© Domingos Carvalho

“Se comprimirmos toda a história da terra (4,5 Biliões de Anos) em 24 horas, os seres humanos entrariam apenas nos últimos 2 segundos dessas 24 horas”.

Sem grande destaque, em Portugal ou no Mundo, no dia 28 de julho de 2022 atingimos o ponto em que “a humanidade consumiu tudo o que os ecossistemas podem regenerar no espaço de um ano”.

Após a réstia de esperança que surgiu em 2020, onde perante um mundo em isolamento o Planeta teve um breve momento de descanso, mas não de recuperação, e que adiou este acontecimento em 3 semanas nesse mesmo ano, voltamos às práticas habituais de produção excessiva para tentar sustentar uma percentagem da população que nunca estará satisfeita. Sem surpresas, já consumimos tudo que o nosso planeta consegue produzir e regenerar num ano. Registe se que faltam quatro meses para terminar o ano de 2022 e que este ano está a diferir em muitos aspetos.

Não sendo eu perito em ecologia, faço uma pesquisa rápida (na Wikipédia) sobre ecossistemas, da qual destaco o seguinte: “Os ecossistemas frequentemente formam uma série de cadeias que mostram a interdependência dos organismos dentro do sistema”. Interdependência é a palavra magica, tudo está relacionado.

Vamos ser realistas! As provas são evidentes e é impossível negar.

O clima do planeta Terra está a sofrer alterações extremas e os ecossistemas do nosso planeta estão a colapsar. Não temos água em alguns dos maiores rios da Europa, pois passamos por períodos de calor intenso que em conjunção aos meses seguidos sem chuva em quantidades razoáveis, facilita e gera as condições ideais para os incêndios devastadores que vemos pelo mundo fora e que agravam o problema ao contribuir para a destruição de ainda mais habitats naturais, tudo isto, aliado aos atos desastrosos do ser humano no nosso dia a dia contra a Mãe Natureza.

Quero destacar o trágico exemplo do incêndio no Parque Natural da Serra da Estrela, uma autêntica catástrofe para a biodiversidade de Portugal, e na sua significância, para o Mundo, onde a área ardida supera os 15 000 hectares, e é quase impossível contabilizar as perdas de fauna e flora na região. Uma autêntica desgraça, que será impossível de repor ao seu estado original, ao contrário do que dizem algumas, “mentes iluminadas”. Uma desgraça, mais uma.

Estamos a perder biodiversidade a um ritmo avassalador, o ser humano tem sido responsável pela extinção de milhares de espécies, e mesmo os animais que “produzimos” em massa para alimentar a percentagem da população que nunca está satisfeita, acarretam consequências para o bem-estar do planeta, dado a soma de todos os gases que derivam da “produção” e da sua cadeia logística.

Conseguimos interferir até com o ciclo da água, todos os desastres ambientais que o ser humano provocou, o consumo exagerado de água e o seu desperdício, tem vindo a alterar o clima há muito, no entanto, estamos a apenas a começar a sentir as suas consequências. Existem registo de estudos que indicam que a própria água da chuva já não é segura para consumo. Perante isto o que podemos fazer?

As perspetivas não são boas. Não podem ser boas. De acordo com mais estudos, de algumas organizações não governamentais a população mundial produz 2 vezes mais comida

do que necessita para alimentar toda a população mundial, mas, mesmo assim, a fome e a pobreza continuam a aumentar nos países mais pobres desde 2020, e quando equacionamos a presente guerra, entre dois dos maiores produtores mundiais de bens de primeira necessidade, a tendência não será, certamente de melhoria.

Existe, ainda, uma parte da população no mundo que não entendeu as consequências severas que a falta de água, devido à seca deste ano, irá causar nos próximos anos e na nossa vida. A outra metade, a que já percebeu, já sofre consequências deste mal e de outros, há muito.

O mundo está caótico e mesmo que cada um de nós tente dar o seu melhor, receio que não seja suficiente. Há demasiados interesses a combater e demasiadas mudanças a serem feitas.

Não é que isso seja motivo para não fazer nada, mas desencoraja uma pessoa.

Certamente seria mais valorizado se escrevesse a apresentar soluções.
Mas soluções existem, falta é vontade das pessoas para as implementar, em Portugal e em muitos locais do Mundo.

Acham mesmo que o nosso planeta consegue aguentar este ritmo até 2040 ou 2050? Não se deixem enganar!

Lembrem-se que só temos um Planeta e vivemos todos nele, há apenas, 2 segundos.

Artigo de opinião de Domingos Carvalho, estudante de mestrado em Gestão e Gestor de Compras.

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