Isa Joana Silva é, a partir deste sábado, a primeira, e para já a única, UPA/artesã certificada do Junco de Forjães, Esposende.
Em sessão realizada esta tarde, no Centro Cultural de Forjães, teve lugar o processo de certificação da Unidade Produtiva Artesanal (UPA) desta artesã. Garantindo a qualidade e o vínculo do território da cestaria em junco de Forjães, as peças da sua autoria são devidamente reconhecidas através de etiquetas de certificação, numeradas sequencialmente e com o nome da UPA, atribuídas pelo organismo de certificação (A.CERTIFICA).
O ato ficou também marcado pela entrega das Cartas de Artesão de Mérito pelo CEARTE a Rosa Maria Pinto Brochado dos Santos, Maria Celina dos Santos Teixeira e Maria Filomena Mendanha da Rocha, que, não obstante já não se dedicarem à atividade, viram reconhecido o seu trabalho em prol do artesanato de junco.
“É um prazer enorme estar aqui neste momento pleno de significado”, afirmou o presidente da Câmara Municipal de Esposende, Benjamim Pereira, expressando satisfação por ver dar frutos o investimento do Município na preservação e promoção do artesanato do junco de Forjães. Em causa está, assinalou o autarca, o reconhecimento do património de Forjães e da sua comunidade, sendo “de toda a justiça a concretização do processo de certificação, assim como ver reconhecido publicamente o trabalho de artesãs seniores”. “O importante são as pessoas”, vincou, apontando o exemplo do Coro Sénior de Esposende como um projeto que dá palco e visibilidade à comunidade idosa, “a quem muito se deve o desenvolvimento e o crescimento do concelho”.
“Temos dado passos muito significativos na valorização do nosso património”, afirmou o autarcl, dando como exemplo o trabalho que vem sendo desenvolvido com vista à classificação de Património Imaterial da Romaria de S. Bartolomeu do Mar e da Procissão do Senhor aos Enfermos, em Belinho. Benjamim Pereira referiu também o investimento efetuado pelo Município na preservação da tradição do sargaço em Apúlia, materializada através da recente instalação do Museu do Sargaço. Neste contexto, deu ainda nota dos apoios concedidos aos ranchos folclóricos do concelho e às bandas de música, e do impulso do teatro amador, numa estratégia de valorização das tradições e da cultura locais, a par do investimento ao nível das infraestruturas, onde se enquadra, para além do Museu do Sargaço, o Centro Interpretativo do Junco de Forjães, o novo Arquivo Municipal e a recente requalificação da Biblioteca Municipal Manuel de Boaventura. Em Esposende, afiançou o autarca “a cultura acompanha o desenvolvimento do território”.
“Estamos felizes. Hoje, uma vez mais, faz-se história em Forjães” afirmou o presidente da Junta de Freguesia de Forjães, Vítor Quintão, sublinhando que o processo de certificação da arte do junco fica associado às comemorações do 34.º aniversário da elevação de Forjães a Vila. Felicitou a recém certificada artesã pelo selo de autenticidade conquistado e manifestou a expetativa de que outras artesãs possam seguir os seus passos. Notando que falar de junco equivale a falar deste património tão representativo de Forjães, Vítor Quintão agradeceu a intervenção do Município para dar maior visibilidade a esta arte. A terminar, revelou que a Junta de Freguesia concebeu e produziu um saco para acomodar as cestas adquiridas no Centro Interpretativo do Junco de Forjães.
O investigador Álvaro Campelo, a quem coube abordar o processo de elaboração do Caderno de Especificações e sua importância para a certificação, afirmou que “hoje é um dia histórico para Forjães”, na medida em que há um “reconhecimento da arte do junco”, e revelou o objetivo é que esta venha a ser classificada como Património Imaterial Nacional. Álvaro Campelo agradeceu ao Município o empenho no processo de cerificação do junco de Forjães e manifestou também o desejo de que outras artesãs possam associar-se ao processo. Conhecedor desta arte e das suas raízes, o investigador não tem dúvidas de que este é “produto com futuro”, atendendo a que “as pessoas o valorizam cada vez mais”, e afirmou que Esposende deve ter orgulho neste artesanato”, sobre o qual foi projetado um filme alusivo a esta atividade, com testemunhos de algumas artesãs de outrora.
Teresa Costa, da A.CERTFICA, entidade que atribuiu o selo de qualidade e autenticidade ao artesanato do junco de Forjães, explicou o processo de certificação e, com a colaboração do Presidente da Câmara Municipal, Benjamim Pereira, fez a entrega da primeira etiqueta à artesã Isa Joana Silva, sendo que a entrega da segunda etiqueta coube ao Presidente da Junta de Forjães, Vítor Quintão, e a entrega da terceira ao Presidente da Assembleia Municipal de Esposende, Carlos Silva. Teresa Costa notou que “este é o 22.º produto certificado no Continente e o 2.º produto certificado na área de produção de fibras vegetais”.
Fernando Gaspar, do CEARTE – Centro de Formação Profissional para o Artesanato e Património, enquadrou a atribuição das Cartas de Artesão de Mérito às três artesãs de Forjães que já não estão no ativo, assinalando que configuram o reconhecimento do “saber fazer, da experiência e do conhecimento”. Trata-se, explicou, de um processo paralelo ao reconhecimento das UPA – Unidade Produtiva Artesanal.