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UMinho lidera estudo mundial sobre resposta de infraestruturas críticas na pandemia

José Campos e Matos, investigador da Escola de Engenharia da Universidade do Minho, coordena um estudo mundial sobre o impacto da Covid-19 na gestão de infraestruturas críticas, como sistemas hospitalares, de transportes, de energia, de telecomunicações, de distribuição e financeiros. Nas conclusões prévias, o investigador refere que a realidade difere entre os países face aos recursos e verbas alocados e à fase da curva da pandemia. Portugal destaca-se pelo timing do confinamento e, neste âmbito, pela boa rede de saúde, energia e telecomunicações, por exemplo, que evitaram males maiores.

O trabalho baseia-se num inquérito a que responderam operadores e gestores de infraestruturas críticas nas últimas semanas. A iniciativa partiu da Associação Europeia de Controlo de Qualidade de Pontes e Estruturas (EuroStruct), presidida por José Campos e Matos e sediada na UMinho, em Guimarães. O responsável frisa que houve países mais bem preparados para riscos biológicos e o coronavírus, quer nos planos previstos como nas medidas adotadas. “Vários territórios investiram nesta fase em certas áreas, sobretudo a saúde, e desinvestiram noutras, como a segurança viária, por haver menos movimento”, anui o investigador.

“As telecomunicações falharam em muitos países, face ao intenso tele-trabalho e tele-ensino, apesar dos avanços na rede 5G e dos reforços de sinal”. No fornecimento da energia (luz, água, gás) correu melhor, salvo blackouts ‘temporários’, na sequência da queda de duas pontes na Itália e de um sismo na Croácia, por exemplo. Já a dificuldade no abastecimento de combustíveis foi ultrapassada através da realocação de stocks, face à fraca procura. Nos aeroportos, após a redução de voos, alguns países e/ou companhias aéreas retomaram a sua estratégia e aposta em testes rápidos à covid-19 antes do boarding. Na gestão de sistemas financeiros, “a capacidade económica do país influenciou”; em alguns países, o Estado apoiou empresas de várias áreas para não pararem, na expetativa de “saírem mais fortes após a pandemia”, refere.

“A resposta das infraestruturas críticas dependeu dos picos e da fase de achatamento da curva epidémica em cada território, além dos recursos económicos, humanos e materiais ao dispor”, resume José Campos e Matos. No caso da saúde, o docente elogia a qualidade do sistema público português nesta resposta, “apesar das críticas ao desinvestimento dos últimos anos”. O investigador do Instituto de Sustentabilidade e Inovação em Engenharia Estrutural frisa que a China também sobressaiu neste âmbito ao multiplicar hospitais de campanha e meios avançados de deteção de infetados, embora tenha questões éticas associadas. Em contraponto, lamenta o débil confinamento dos cidadãos em alguns países, que sobrecarregou o sistema de saúde.

Mais estudos em curso

José Campos e Matos tem promovido debates semanais na EuroStruct com peritos da área, disponíveis no YouTube. Faz ainda parte do think tank “INFO | Covid-19”, que sensibiliza em fóruns e nos media para a recuperação gradual da economia e da confiança dos cidadãos. Em simultâneo, tem outros estudos em curso neste âmbito. Está a investigar o tempo de ligação entre as redes de transporte e as redes de saúde nacionais e, ainda, a eficiência das equipas hospitalares. Os resultados chegarão em breve.

Por outro lado, o investigador é vice-presidente da Confederação Europeia de Jovens Empresários e preside à assembleia-geral da Associação Nacional de Jovens Empresários. Nessa qualidade, elogia a política da UE na proteção às start-ups inovadoras, muitas delas nascidas na crise da zona euro, e agora alvo do contexto pandémico: “Há linhas de apoio, crédito com taxas perto do zero e até candidaturas a avanços tecnológicos para estas PME competirem com congéneres de determinadas regiões do mundo, pois precisamos da Europa mais unida do que nunca”.

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