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Universidade do Minho cria embalagens biodegradáveis à base de desperdícios alimentares

A Escola de Engenharia da Universidade do Minho (EEUM) integra um consórcio que criou embalagens biodegradáveis e à base de desperdícios alimentares, como casca de amêndoa e soro de queijo, que o Radar de Inovação da Comissão Europeia considera agora as ecoembalagens “notáveis” e “prontas para o mercado”. O projeto chama-se YPACK, conta com 7.2 milhões de euros da União Europeia e une 21 parceiros de dez países, incluindo de Portugal a UMinho (Centro de Engenharia Biológica – CEB e Instituto de Polímeros e Compósitos), o INL, a Biotrend, a Nova ID e a Sonae.

António Vicente, investigador do CEB e vice-presidente da EEUM, refere que as novas embalagens, já produzidas em quantidades pré-industriais, serão testadas em breve pelos parceiros do projeto ligados à grande distribuição, em produtos de carne e de lasanha pronta a comer, entre outros. O trabalho envolveu também um estudo de aceitação dos novos materiais de embalagem por parte dos consumidores, “com resultados muito animadores”.

Esta inovação europeia, que é liderada pelo Conselho Superior de Investigações Científicas (Espanha), tem como meta principal a validação pré-industrial de embalagens alimentares baseadas num polímero produzido biologicamente por microrganismos, que tem propriedades de barreira ativa e passiva. Ou seja, a sua produção não envolve químicos nem plásticos derivados do petróleo. Além disso, é exemplar a isolar o produto e a manter a sua qualidade.

Feitas com soro de leite e casca de amêndoa

“Chegar até aí levou alguns anos de investigação, mas pode ser um avanço importante nas nossas vidas, pois usam-se massivamente embalagens por todo o mundo, em imensos contextos, e estas devem ser biodegradáveis, para salvaguardarmos o futuro”, diz António Vicente. O YPACK materializa-se em dois tipos de embalagem: a bandeja termoformada, que envolve por exemplo lasanhas, pizzas ou fruta, e a flow pack, que reveste barras de chocolate e salgadinhos, entre outros. Estas embalagens usam subprodutos da indústria alimentar, como soro de leite e casca de amêndoa, permitindo reduzir os resíduos e afirmar as diretrizes do Pacto Ecológico Europeu. A Sonae, com os hipermercados Continente, é das entidades que tenciona levar a tecnologia ao consumidor.

O Radar da Inovação destacou mais três projetos da UMinho. “Superconcrete: painel compósito, multifuncional e sustentável para reabilitação integrada de edifícios em betão”, com Joaquim Barros, da EEUM, foi avaliado com grande potencial de criação de mercado. “Volatile: plataforma de resíduos biológicos de ácidos gordos voláteis para biopolímeros, compostos bioativos e blocos de construção químicos”, com Célia Pais, do Centro de Biologia Molecular e Ambiental, foi considerado como tecnologia pronta para o mercado. “Bamos – nova estrutura biopolimérica integrada para regeneração osteocondral (cartilagem)”, com Rui L. Reis, do Grupo 3B’s, foi avaliado como exploratório em termos de maturidade de mercado.

O Radar da Inovação da Comissão Europeia identifica inovações de elevado potencial e dos principais inovadores em projetos científicos financiados pela União Europeia. Os dados baseiam-se em indicadores do Joint Research Centre da União Europeia e fornecem aconselhamento e ações específicas para ajudar os inovadores a realizar o seu potencial no mercado. A intenção é criar um fluxo constante de projetos tecnológicos promissores que possam escalar até “campeões industriais”.

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