O presidente da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio, defende a elaboração de um manual de procedimentos com orientações sanitárias claras para que seja possível às empresas retomarem a sua atividade.
Em declarações ao programa “Negócios da Semana”, emitido esta quarta-feira, na SIC Notícias, Ricardo Rio considerou que “a retoma da atividade económica será tanto mais rápida e alargada, quanto mais as medidas profiláticas e sanitárias forem transpostas para o tecido económico”. “Neste momento, não existem orientações sobre os cuidados a ter na reorganização e reabertura dos estabelecimentos comerciais. E esta deveria ser uma prioridade”, alertou o autarca.
Por outro lado, Ricardo Rio defende que o Governo deveria mobilizar entidades públicas como a ACT, ASAE ou o IAPMEI, em articulação com as Associações Empresariais, para “dar formação e diretrizes aos agentes económicos sobre as medidas sanitárias a adotar para que seja possível proceder à abertura progressiva das empresas, evitando os riscos de contágio pela Covid-19”.
Para o autarca bracarense é preciso “aprender com os erros” cometidos, relativamente a orientações e medidas profiláticas que deveriam ter sido assumidas há mais tempo. “Durante semanas, faltaram orientações precisas para os procedimentos de gestão e organização dos lares residenciais, no sentido de evitar o risco de contaminação dentro dessas instituições, com as consequências hoje conhecidas”, salientou Ricardo Rio.
“Sendo hoje importante acautelar o regresso da normalidade à atividade económica, é impensável que não se tenha em conta que os moldes em que tal irá ocorrer exigem processos profundos de reestruturação interna das organizações, que não se cingem à utilização de máscaras de proteção por profissionais e cidadãos em geral. A retoma económica nunca pode pôr em causa os ganhos de saúde pública que tivemos até hoje”, explicou.
Sobre os incentivos às empresas, Ricardo Rio considerou que “o compromisso dos poderes públicos deve ser maior”, defendendo o reforço dos mecanismos de apoio ao tecido económico. “As medidas anunciadas são importantes e bem-vindas para garantir alguma tesouraria, mas é preciso que haja uma injeção de capital a fundo perdido, quer da parte do Governo, quer da União Europeia”, sustenta.
Segundo o autarca, as micro e pequenas empresas de base comercial estão a enfrentar problemas graves, nomeadamente as da área da restauração. “Em Braga, gerou-se um movimento de operadores de mais de 100 empresas (URBAC) que reivindica a criação de medidas mais concretas, nomeadamente para os sócio-gerentes, por forma a garantir a sua efectiva sustentabilidade financeira”, enumerou. Apesar da criação de plataformas de vendas online para as pequenas unidades comerciais por iniciativa da InvestBraga, Ricardo Rio frisa que o nível de atividade está muito aquém do que seria normal no concelho de Braga.
O autarca reconhece que o atual cenário é “trágico e angustiante”, num concelho que arrisca voltar seis anos atrás. “Arriscamos perder o nível de emprego criado a um ritmo de dois mil postos por ano; perder boa parte da capacidade exportadora que nos levou a ser o quarto concelho mais exportador do país; e arriscamos perder todas as outras dinâmicas comerciais e turísticas que fomos sustentando ao longo dos últimos anos”, disse.