Domingo, Abril 20, 2025
9 C
Braga
OpiniãoQue Deus vos dê juizinho até à hora da morte...

Que Deus vos dê juizinho até à hora da morte…

Artigo de Luís Rosa.

© Luís Rosa

O caso Spinumviva tornou-se um verdadeiro espelho da degradação institucional que mina a nossa democracia. Desde os partidos do chamado arco da governação aos representantes na Assembleia da República, assistimos a um espetáculo que em nada dignifica a classe política nem os interesses do país.

Por um lado, Luis Montenegro meteu os pés pelas mãos. Entre recuos, declarações infelizes e uma postura titubeante, o líder do PSD fez uma gestão comunicacional desastrosa. Se a sua intenção era afastar o núcleo familiar do centro do furacão da polémica, falhou redondamente. Muito mal aconselhado e assessorado dentro do partido, cujo líder parlamentar Hugo Soares tem culpas no cartório, o Primeiro-Ministro não soube evitar a queda do governo. E, pior do que isso, vamos para as eleições legislativas com a sensação de que ficaram no ar mais dúvidas do que certezas.

Do outro lado, Pedro Nuno Santos demonstra que a sua sobrevivência como líder depende mais da queda do governo do que propriamente das ideias que traz para o país. Ao invés de se apresentar como um estadista preocupado com o presente e o futuro de Portugal, tem-se revelado mais um jogador táctico, apostando nas fragilidades do executivo para construir a sua ascensão. Mas liderança é visão, é coragem, é capacidade de mobilizar um país para um caminho melhor. E nisso, Pedro Nuno Santos tem ficado muito aquém das expectativas.

No meio deste descalabro, apenas a Iniciativa Liberal teve um papel digno. Enquanto os restantes partidos patinavam na lama da politiquice, os liberais tiveram uma postura coerente, questionando com seriedade e exigindo responsabilidades ao chefe de governo. Num panorama político marcado por cinismo e oportunismo, foram os únicos que se destacaram pela clareza e pela defesa intransigente do interesse público.

O que fica do caso “Spinumviva” é um retrato pouco abonatório da nossa democracia: uma oposição desastrada, um governo refém das suas próprias fragilidades e um Parlamento que se degrada aos olhos do povo. Se há uma esperança no meio deste caos, é que Deus dê juizinho a quem nos representa – pelo menos até à hora da morte.

Artigo de Luís Rosa, coordenador da Iniciativa Liberal Barcelos.

PARTILHE A NOTÍCIA

LEIA TAMBÉM

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

- Publicidade -

REPORTAGEM

POPULARES