
O Parlamento vai debater, na sexta-feira, uma petição para reduzir a idade da reforma dos enfermeiros para os 55 anos. A iniciativa, levada a cabo pelo Sindicato dos Enfermeiros, recolheu mais de 12 mil assinaturas.
Pedro Costa, presidente do Sindicato dos Enfermeiros, está confiante que os deputados “compreendem as motivações do sindicato”. “Uma convicção que está sustentada no facto de a Petição n.º 310/XVI/3.ª ter dado origem a dois projetos de lei, do Bloco de Esquerda e do Chega, e dois projetos de resolução, do PAN e do PCP”, refere.
A recolha de assinaturas, cujo primeiro signatário é o dirigente do Sindicato dos Enfermeiros, Eduardo Bernardino, reforça “o caráter especial da enfermagem” por comparação com outras profissões que “também já o são, entre as quais se encontram as forças de segurança”. “Diariamente, os enfermeiros estão sujeitos a uma pressão muito grande, exercendo uma profissão com elevada complexidade e onde têm de lidar de forma constante com a doença e até mesmo a morte, além de toda a dificuldade que é lidar com os doentes e a família em momentos de extrema fragilidade”, explica Pedro Costa, presidente do Sindicato dos Enfermeiros.
“Pratica-se um horário de trabalho de 24 por dia, sob a forma de turnos diurnos e noturnos, e com consequências físicas e emocionais”, sustenta o presidente, recordando que “está comprovado, desde 2016, que um em cada cinco enfermeiros se sente em exaustão emocional, a qual se agravou ainda mais com a pandemia”.
Pedro Costa afirma mesmo que, durante a fase mais grave da pandemia, “o Governo acabou por reconhecer, ainda que de forma temporária, as dificuldades inerentes ao exercício da enfermagem, ao criar um subsídio extraordinário e temporário pelos riscos das funções exercidas”. “O problema está no facto de este reconhecimento ser limitado no tempo, quando, na verdade, a nossa profissão é extremamente exigente, todos os dias, com ou sem pandemia”, diz.
“A falta de recursos humanos e de equipamentos, bem como as condições muitas vezes inadequadas das instalações físicas, reforçam as dificuldades que os enfermeiros sentem no exercício da profissão e que se reflete, em muitos casos, no abandono da atividade. “Os enfermeiros estão exaustos e desmotivados com toda uma exigência diária que não se reflete, desde logo, nas condições remuneratórias”, acrescenta Pedro Costa.
O presidente do Sindicato dos Enfermeiros espera, por isso, que “os deputados reconheçam a urgência de a enfermagem ser considerada uma profissão de alto risco e desgaste rápido, alterando, deste modo, a idade mínima da reforma”. “Os deputados têm uma oportunidade quase única de passarem dos atos às ações e trocarem as palmas aos enfermeiros por medidas concretas de valorização da nossa profissão”, conclui Pedro Costa.