
Nas últimas semanas, os bracarenses vão tendo conhecimento em comunicados confusos, que uma “suposta obra do novo canil deverá avançar até ao final deste ano”, e que a localização está “identificada” mas que “não será publicamente divulgada até que o projeto esteja finalizado”.
O PAN Braga, desde 2020 tem vindo a alertar para a falta de condições que o actual CROA detém, e que o edil local veio agora confirmar.
O facto é que a “falta de infraestruturas e de melhores condições do CROA”, para dar resposta às necessidades dos bracarenses que sempre que contactam para a recolha de uma animal errante na via pública lhes é informado que não há vaga, tendo que a opção passar pelo denunciante de deixar o animal à sua sorte ou responsabilizar-se por ele, sendo que a autarquia não o faz, é algo que nos deveria deixar a todos preocupados.
Congratulamos por isso, a autarquia por finalmente admitir este problema e ter tomado uma ação tendo em vista o bem estar quer dos animais, como dos bracarenses. No entanto existem várias preocupações que gostaríamos de ver esclarecidas e que agora partilhamos.
Desde já a localização. A nosso ver, embora fosse benéfico para os animais e mesmo moradores que o novo CROA se localize na periferia da cidade, de forma a ter mais espaço de liberdade para os animais, e para reduzir os riscos de incômodo à população, isso levaria a outras duas questões: estaremos a distanciar a realidade e
responsabilidade do abandono e a facilidade do acesso às instalações da população geral, fazendo jus ao velho lema “olhos que não vêem, coração que não sente”?
E conseguem os voluntários continuar a fazer o seu extraordinário trabalho de amor e controlo, tendo que fazer mais quilómetros, tendo mais gastos e ocupando mais o seu tempo em viagem?
Outra das nossas preocupações, é o projecto que se está a construir para o novo CROA, e que poderá envolver vários municípios. Temos aqui uma oportunidade de sermos inovadores no bem-estar animal e tornarmo-nos bons exemplos das práticas, e isso não passa só pelas novas infraestruturas, mas também pela área humana e animal. Queremos com isto dizer que deveríamos pensar em um espaço amplo, livre e confortável, mas também na reabilitação de muitos animais que chegam com traumas e comportamentos negativos fruto das suas vivências e tratamentos. O treino e convívio com humanos torna-se imprescindível para que possam aprender a conviver em sociedade e tenham mais chances de adoção.
Por fim, mas não menos relevante, é o futuro do edifício atual do CROA. Nas notícias que têm sido lançadas espaçadamente a público e com informação desfasada, nada é mencionado sobre o atual espaço e edifício do CROA, que teve desde 2015 mais de 200 mil euros de investimentos públicos. Será que servirá de apoio ao novo canil? Poderá ser uma extensão da quinta pedagógica e das suas funções? Ou ficará ao abandono?
Esperamos com bastante esperança que este novo CROA (que caso seja aprovado será financiado com fundos nacionais negociados pelo PAN em orçamento de estado),seja mais que apenas um edifício de tamanho maior onde os animais ficam fechados e esquecidos, dependentes do amor de voluntários. Voltamos a salientar que temos aqui uma boa e grande oportunidade de fazer melhor, dar o exemplo de que é possível tornar o abandono numa oportunidade de termos animais felizes, reabilitados e a saberem viver em sociedade no dia em que uma família os acolher.
Artigo de opinião de Joana Oliveira, gestora da concelhia do PAN Braga.