Por norma, o comum do adepto fica furioso quando um jogador da sua equipa deixa de jogar devido a uma lesão, ou até mesmo por uma infeção por Covid-19. Mas o que é que isso representa em termos de prejuízo para as seguradoras e para os clubes?
O grupo segurador Global Howden revelou recentemente o estudo ‘The 2020/21 European Football Injury Index’, onde indica que as lesões dos futebolistas custaram 472 milhões aos clubes das principais ligas europeias.
Van Dijk, defesa central do Liverpool, foi a par da Covid-19, Hazard, Neymar e Sergio Ramos, um motivo para os custos com lesões dos clubes de futebol das cinco maiores ligas ter atingido quase 500 milhões de euros. O mesmo estudo refere que só a Covid-19 foi responsável por 48,25 milhões de euros, sendo que o principal campeonato Italiano, o mais atingido pelos efeitos da doença. Este facto pesou tanto nos prejuízos como as lesões de Van Dijk, Neymar, Sergio Ramos e Hazard.
Em Portugal seriam as seguradoras a suportar os custos
Em Portugal, que não foi visado neste estudo, o sistema é ligeiramente diferente, pois são as seguradoras que respondem pelas lesões dos futebolistas. O seguro obrigatório dos futebolistas é Acidentes de Trabalho, que estabelece um regime relativo à reparação dos danos emergentes de acidentes de trabalho dos futebolistas profissionais em que o tomador é o clube e a pessoa segura o jogador.
Este tipo de regime de seguro obrigatório de Acidentes de Trabalho relativamente aos futebolistas só vigora em Portugal, pois nos restantes países europeus, excepto a Bélgica que tem semelhanças com o nosso método, está genericamente englobada no sistema de segurança social, mas depende muito da legislação de cada país e tipo de contrato que o jogador tem com o respetivo clube.
Em Portugal, para além das indemnizações no que diz respeito a salários, despesas de tratamento e recuperação, as incapacidades futuras, sejam permanentes, parciais ou totais, são da responsabilidade da seguradora normalmente até aos 365 dias após a participação do sinistro à seguradora.
Quase 500 jogadores infetados com Covid-19
O estudo da Howden analisou as 5 ligas maiores ligas europeias, a Premier League (Inglaterra), a Bundesliga (Alemanha), a Série A (Itália), a La Liga (Espanha) e a Ligue 1 (França) e foram verificados os dias de ausência dos jogadores devido a lesões ou doença e multiplicado estes pelo custo diário salarial, mas sem incluir os custos de tratamento ou reabilitação.
Na época 2020/21, destaca o estudo da Howden, os custos com incapacidades dos jogadores sofreu forte impacto da Covid-19. No entanto, o estudo salienta elevadas perdas para os clubes resultantes de lesões prolongadas de jogadores com salários elevados como Neymar do PSG, Virgil van Dijk do Liverpool, Eden Hazard e Sérgio Ramos do Real Madrid. Em relação a custos totais a Premier League teve custos em lesões de 155 milhões de euros e a menos sobrecarregada foi a Liga Francesa com 70 milhões. A Covid-19 afetou 494 atletas dos quais 171 (35% do total das 5 ligas) na liga italiana, 20% na francesa, 17% na espanhola, 15% na alemã e 14% na inglesa. No entanto, na Liga Italiana a doença afetou 37% dos atletas e o seu custo atingiu 20 milhões de euros, quase um quarto de todos os custos com ausências durante a época. A Bundesliga, com 16,79 dias, foi o campeonato em que em média de dias de afastamento dos atletas foi o maior.
PSG foi o clube mais penalizado com as lesões
Por clubes, os mais afetados na Bundesliga foram o Bayern de Munique com 76 casos e 15,2 milhões de prejuízos, seguido do Borussia Dortmund, RB Leipzig, Wolsburg e Eintracht Frankfurt. Na La Liga, o Real Madrid foi quem mais sofreu com 68 lesões no valor de 28 milhões de euros. Barcelona, Atlético de Madrid, Real Sociedad e Sevilla foram os seguintes. Já no campeonato inglês foi o Liverpool que mais sofreu com 53 casos que custaram quase 18 milhões de euros, mas Manchester United, Manchester City e o Leicester City sofreram custos acima de 10 milhões na época.
A Juventus, de Cristiano Ronaldo, foi a mais penalizada em Itália, enquanto em França foi o Paris Saint Germain, com 78 incapacidades a custarem 34 milhões de euros, de longe o clube europeu mais penalizado com as lesões dos seus atletas na época 2020/2021.
Artigo de opinião de João Ricardo Silva, técnico Especialista em Seguros.