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Investigadores do CEB da UMinho usam tecnologia para diminuir potencial alergénico de alimentos

© CEB

Se há cada vez mais portugueses com alergias alimentares severas, como alerta a Alimenta – Associação Portuguesa de Alergias e Intolerâncias Alimentares, o que se pode fazer para melhorar a qualidade de vida e proteger a saúde destas pessoas? A resposta pode estar na abordagem inovadora de tecnologias de processamento que reduzem o efeito alergénico dos alimentos, diz uma equipa de cientistas do Centro de Engenharia Biológica (CEB) da Universidade do Minho.

Realizado em parceria com a Universidade do Porto e a Universidade de Aveiro, este projeto do CEB é uma inovação sem igual no mercado, que poderá conduzir a uma revolução no campo da saúde alimentar. A ideia, coordenada pelo REQUIMTE – Laboratório Associado para a Química Verde – Tecnologias e Processos Limpos, é “produzir alimentos mais seguros ao nível da presença de alergénios e novas fontes de proteína sustentáveis”.

Na base da inovação está o estudo das propriedades das principais proteínas responsáveis por alergias – soja, frutos secos, peixe, crustáceos, insetos e leite – com o objetivo de desenvolver técnicas avançadas, como o processamento por campos elétricos e por altas pressões, que permitam reduzir o potencial alergénico dos alimentos.

“O aumento do consumo de determinados tipos de alimentos pode promover o aumento das alergias”, diz António Vicente, investigador responsável pelo trabalho em curso no CEB, encarregue do estudo do processo com campos elétricos e da análise do comportamento dos alimentos num sistema de gastro-intestinal in vitro dinâmico, que permite simular o processo de digestão no corpo humano. É que, explica o cientista, “é crucial perceber as alterações induzidas pelos processos de tratamento nos alergénios alimentares, desde a sua origem (campo ou mar) até ao garfo e ao longo do intestino humano”.

Na perspetiva da saúde pública, António Vicente reforça que “as alergias alimentares são uma das grandes preocupações dos nossos dias”. Por isso, “apesar de haver métodos para medir a presença de alergénios nos alimentos, baseados em deteção de ADN e de proteínas específicas, não existe ainda uma norma que se possa seguir”, diz o cientista. É neste sentido que a equipa do AlleRiskAssess, nome atribuído ao projeto, está ainda a produzir um teste que, pela sua “simplicidade e reprodutibilidade”, pode ser adotado como diretriz para avaliar a presença de alergénios em alimentos.

O AlleRiskAssess apresenta-se ainda como uma fonte de sustentabilidade, uma vez que explora o uso de fontes proteicas alternativas não-animais, como o caso da soja, e irá gerar conhecimento para o estudo do potencial alergénico de outras fontes de proteína emergentes com origem em microrganismos e insetos.

O projeto, que deverá terminar no segundo trimestre de 2022, pretende, desta forma, contribuir para uma melhoria da saúde pública e ao nível económico na gestão das alergias alimentares, uma vez que fornece ferramentas eficientes aos fabricantes de alimentos para um maior controle e proteção dos consumidores.

Sobre o CEB

A atuar nas áreas da biotecnologia e bioengenharia para os setores ambiental, saúde, industrial e alimentar, o CEB – Centro de Engenharia Biológica é um dos mais dinâmicos centros de investigação do país e está integrado na Escola de Engenharia da Universidade do Minho.

Neste centro estão reunidos cerca de 400 investigadores de 20 nacionalidades, que realizam uma elevada atividade científica, refletida no número de publicações, 375 no último ano, em revistas internacionais de renome, bem como no elevado número de patentes obtidas, 28.

O Centro tem ainda 17 cientistas no grupo dos 2% mais influentes do mundo ao longo do último ano, de acordo com a lista “World’s Top 2% Scientists 2021” da Universidade de Stanford e do grupo editorial Elsevier.

Desde 2002, o CEB tem obtido a classificação Excelente nas avaliações periódicas realizadas pela FCT, uma das principais entidades financiadoras de ciência do país. Arrecada, anualmente, uma média de 3 milhões de euros de financiamento.

A colaboração em projetos com empresas nacionais e internacionais também é um aspeto a destacar, sendo que mais de 50% das publicações têm coautoria internacional

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