Samuel Gonçalves, cientista do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) da Escola de Medicina da Universidade do Minho (UMinho), recebe esta quarta-feira o Prémio Maria de Sousa, atribuído pela Ordem dos Médicos e pela Função Bial, pelo seu trabalho sobre uma doença respiratória fúngica. A cerimónia realiza-se às 17:00, na Reitoria da Universidade de Lisboa.
O investigador de 30 anos estuda o Aspergillus fumigatus, um fungo ambiental presente em todo o lado, inclusive nas casas, razão pela qual a população inala centenas dos seus esporos diariamente. Este fungo não causa problemas à maioria das pessoas. Porém, quem tem o sistema imunitário comprometido, devido por exemplo a um transplante, a um tumor ou a infeções como a Covid-19, pode desenvolver uma doença respiratória fatal chamada aspergilose pulmonar invasiva.
Apesar de avanços significativos nos últimos anos no seu diagnóstico e tratamento, esta doença continua a ser um problema clínico sério, com elevadas taxas de mortalidade. Sabe-se que as células do sistema imunitário ativam vias metabólicas específicas em resposta a esta infeção. “Recentemente, descobrimos que uma das vias ativada é a via de síntese do colesterol. O objetivo principal deste projeto é perceber os mecanismos moleculares através dos quais o metabolismo do colesterol permite respostas imunitárias antifúngicas, contribuindo assim para encontrar novos alvos terapêuticos e estratégias de medicina personalizada, reduzindo a elevada mortalidade e melhorando a qualidade de vida dos pacientes”.
O prémio permite a Samuel Gonçalves investigar de forma “mais célere” o impacto do metabolismo celular, nomeadamente o metabolismo lipídico, na suscetibilidade às doenças fúngicas oportunistas. Este novo elemento da patologia da aspergilose pulmonar invasiva pode ser transversal a outras infeções fúngicas. Esta distinção nacional é “muito positiva” também a nível profissional para Samuel Gonçalves, que agradece à Fundação Bial e à Ordem dos Médicos: “Terminei o doutoramento há pouco mais de um ano e ter a oportunidade de trabalhar nos meus projetos e com financiamento próprio é crucial para construir uma carreira científica de sucesso”.