A galeria Forum Arte Braga inaugurou, na sexta-feira, a exposição “La beauté sera compulsive ou ne sera pas” do coletivo Campanice, com curadoria de Eduarda Neves. A mostra ficará em exibição até 10 de setembro deste ano.
A exposição apresenta um conjunto de obras de Francisco Venâncio, André Covas e Carmo Azevedo, Rúben Fernandes, Carlos Mensil, Diana Geiroto, Jorge Lourenço, Paulo Mariz, Carolina Grilo Santos, Patrícia Geraldes e Francisco Moura Relvas. Cada artista, em função da sua perspetiva, desafiou-se a responder à proposta curatorial de Eduarda Neves – a beleza será convulsiva ou não será? Uma questão inspirada no romance “Nadja”, do escritor francês André Breton.
Para Eduarda Neves, o interesse nesta obra surge pelo facto de alguns dos aspetos representados no romance de Breton, articularem-se com a ideia do que é um coletivo, “cada artista já é em si mesmo, enquanto singularidade, um coletivo”. O fascínio surgiu pela “multiplicidade como ponto de partida para aquilo que é um coletivo, que é uma multiplicidade singular”. Através de segmentos da obra como < Imaginamos que ali, onde tudo começa, nos é oferecido o mistério das estações, o desatino dos corpos, a multidão cúmplice de uma estranha nave. Sobre Nadja, apenas sabemos que é um nome próprio na encruzilhada de infinitos caminhos. O baile que nasce. >, cada artista assumiu livremente a sua posição, perante um livro que é uma homenagem à liberdade, refere a curadora. A exposição apresenta obras trabalhadas entre as palavras e o som, a relação entre a cultura e a natureza, e outras sobre questões mais formais e visuais.
Campanice é um coletivo de artistas reunido de forma circunstancial e informal desde 2016 num espaço de estúdio partilhado no Bonfim (Porto) — atualmente sediado na Rua Anselmo Braancamp, local onde diversos ateliers, artistas e coletivos povoam a rua. Este grupo de onze membros caracteriza-se sobretudo pelos trabalhos autónomos e diferentes linguagens, aliados aos pontos de contacto e afinidades que se vão estabelecendo através da amizade e convivência.
Sendo fundamentalmente um espaço de trabalho e partilha entre os membros do coletivo, são organizados momentos de abertura ao público em modo Open Studio (1 a 2 vezes por ano) com trabalhos do coletivo e ainda, a cada 2 meses, programação com artistas convidado. Estes momentos reúnem pares da prática artística e a comunidade local em torno dos trabalhos que estruturam o coletivo, juntando-se ainda intervenientes convidados à produção de textos, performances ou outro tipo de apresentações.
Para Carlos Mensil, artista integrante do Campanice, “o coletivo não funciona somente como um conjunto, não trabalham todos para um objetivo comum, cada artista tem o seu trabalho, os seus interesses, a sua própria visão”. A exposição “La beauté sera compulsive ou ne sera pas” é a primeira que fazem com curadoria, sendo até ao momento este trabalho realizado pelo próprio coletivo. O convite a Eduarda Neves surge na expectativa de fazer a mediação, de curar a exposição, permitindo assim a cada artista “manter as suas inquietações, e focar-se somente no seu trabalho”.
Recorde-se que esta galeria de arte contemporânea é uma iniciativa da InvestBraga que tem como missão exibir artistas portugueses e internacionais num contexto favorável ao diálogo crítico e à polinização cruzada. Inspirado pela crença de que a prática artística é capaz de ampliar o escopo da atuação humana e tem o poder de tocar e transformar o mundo. O Forum Arte Braga, sob a Direcção Artística de Duarte Sequeira e Guilherme Braga da Cruz, cultiva um programa cujas principais premissas são o conceptualismo, o rigor intelectual e a preocupação com o futuro.
A exposição “La beauté sera compulsive ou ne sera pas” tem entrada gratuita. Funcionará de segunda a sexta-feira, das 10:00 às 18:00. Ao sábado e domingo, abre mediante funcionamento do Altice Forum Braga.
