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Esposende associa-se às comemorações do centenário de Agustina Bessa-Luís

© Estado de Arte

O Município de Esposende, juntamente com mais 14 instituições, incluindo autarquias, universidades e organismos públicos, vai associar-se ao programa comemorativo dos 100 anos de Agustina Bessa-Luís, a decorrer entre 15 de outubro de 2022 e a mesma data, em 2023.

A cerimónia de apresentação das comemorações decorreu esta terça-feira, no Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso, em Amarante, terra natal da escritora, e contou com a presença da filha da escritora, Mónica Baldaque, do ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, e da diretora regional de Cultura do Norte, Laura Castro, entre várias outras individualidades. Fontainhas Fernandes é o Comissário do programa comemorativo.

A representar o Município de Esposende, o presidente da Câmara Municipal, Benjamim Pereira, procedeu à assinatura do protocolo de parceria, formalizando, assim, a adesão da autarquia ao programa comemorativo, que incluirá exposições sobre a vida e obra da escritora, produções artísticas e documentais, evocações e roteiros, entre outras ações.

Entre as instituições promotoras do centenário estão, além da Câmara Municipal de Esposende, os municípios de Amarante, Baião, Porto, Póvoa de Varzim, Peso da Régua e Vila do Conde, a Direção Regional de Cultura do Norte, as Universidades do Porto, do Minho e de Trás-os-Montes e Alto Douro, a Entidade Regional de Turismo do Porto e do Norte, a Fundação de Serralves e a Associação de Turismo do Porto e Norte de Portugal, contando com o apoio institucional da CCDR-NORTE.

Agustina Bessa-Luís nasceu em Vila Meã – Amarante, a 15 de outubro de 1922 e morreu a 3 de junho de 2019, no Porto. Ao longo da sua vida, e até se fixar no Porto, viveu em vários concelhos do Norte do país, entre os quais, Esposende, onde viveu nos anos sessenta privando de perto com a amiga e também escritora Ilse losa. Sobre Esposende escreveu alguns dos mais belos textos, entre os quais “Memória de Esposende”, para além de outros de natureza biográfica, como os que refere em “O Livro de Agustina” (2017), um dos seus últimos registos autobiográficos: (…) Sem ser de índole marítima, porque o mar não me parece um elemento leal como a terra, em Esposende conheci dias duma perfeita harmonia comigo mesma. As pessoas foram boas para mim, com essa bondade que não se interpreta, só se regista. Nada acontecia e tudo era importante. (…) Nessa altura já me chamavam a eremita de Esposende. Estava a tornar-me típica e, além disso, a ficar bronzeada. (…).

“Quando fui pela primeira vez a Esposende, achei que sucedia alguma coisa de solene; como um rito. Era Julho. Nas noites em que o calor abrasava, vinha do rio um hálito de vasa. Como se o princípio do mundo rompesse o cristal das areias e borbulhasse uma vida espessa e cega, no iodo. (…)”, refere também em “Memória de Esposende”.

O Presidente da Câmara Municipal, Benjamim Pereira, realça a ligação de Agustina Bessa-Luís a Esposende, assinalando que “o Município tinha, naturalmente, que se associar a estas comemorações à escala nacional, e até internacional, para celebrar a figura e a obra de uma das maiores autoras literárias portuguesas”.

“É para o Município uma enorme honra integrar o consórcio de entidades promotoras do centenário de Agustina Bessa-Luís, sendo que esta é uma excelente oportunidade para a trazer à memória da comunidade esposendense”, afirmou o autarca, exortando a comunidade a (re)descobrir uma das maiores autoras literárias portuguesas do século XX.

O Ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, destacou a excelência da obra de Agustina Bessa-Luís, que “marcou de forma decisiva a literatura do século XX”. Saudou a parceria entre as várias instituições envolvidas na comemoração do centenário de Agustina, considerando-a “um ótimo exemplo” e manifestou “particular agrado” pelo envolvimento dos municípios a que a vida e obra da escritora está ligada. Classificou o acontecimento “uma justa homenagem” e exortou outras instituições a seguirem o exemplo deste consórcio de entidades parceiras, na celebração do centenário de um conjunto de escritores da geração de Agustina.

Mónica Baldaque, filha da escritora e Presidente do Círculo Literário Agustina Bessa-Luís, agradeceu o envolvimento das várias entidades envolvidas na comemoração do centenário, considerando que o programa comemorativo permitirá aprofundar o estudo sobre a obra da sua mãe.

O Comissário do programa comemorativo do centenário de Agustina, Fontainhas Fernandes, revelou que a programação integrará um roteiro por territórios que marcaram o percurso da escritora, bem como exposições itinerantes sobre a sua vida e obra, que depois de percorrer o Norte do país circularão por universidades e centros culturais internacionais. A programação integra, também, uma exposição de arte contemporânea, acompanhada por um ciclo de cinema que evidenciará a parceria artística de Agustina com o realizador Manoel de Oliveira. As comemorações do centenário são transversais a outras áreas, estando prevista a atribuição de uma bolsa de estudo de investigação em torno do universo literário de Agustina Bessa-Luís com publicação da respetiva tese. Um programa nacional de residências artísticas, envolvendo nomeadamente as escolas secundárias, é outra das atividades previstas. Fontainhas Fernandes assinalou que estas comemorações visam promover o legado artístico e cultural de Agustina Bessa-Luís, ao mesmo tempo que desenvolvem o estudo e a valorização do seu vínculo territorial ao Norte de Portugal.

Na qualidade de Comissário do Município de Amarante para o Centenário de Agustina, Paulo Rangel dissertou sobre a obra da escritora, considerando que a sua “escrita é profundamente moderna, premonitória de uma era tecnológica”. Referindo-se aos vários municípios associados a estas comemorações, afirmou que “celebrar os 100 anos de Agustina é sempre celebrar as suas terras, porque em Agustina as terras são alma”.

O presidente da Comissão de Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), António Cunha, vincou que o primeiro propósito destas comemorações é despertar a vontade de ler e interpretar Agustina. Deu nota de que a CCDR-Norte terá iniciativas próprias nestas comemorações, com destaque para uma pintura nos murais exteriores da sua sede, a par do apoio à longa-metragem realizada a partir do romance “A Sibila”.

Na qualidade de anfitrião, o presidente da Câmara Municipal de Amarante, José Luís Gaspar, apontou a cerimónia de hoje como o primeiro momento das comemorações do centenário de Agustina. Considerou que o protocolo firmado entre as várias entidades estabelece a vontade de todos em fazer justiça à sua obra, vincando que “é um exemplo notável”.

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