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OpiniãoÉ possível mudar de rumo?

É possível mudar de rumo?

© Domingos Carvalho

A minha formação na área da Gestão, veio dotar-me das ferramentas capazes de realizar uma análise ao rumo do meu país – Portugal – desde o meu nascimento, no ano de 1997 até hoje, ou mais precisamente do ano de 2001 até ao memorável ano de 2020. No entanto, para comentar, é preciso ter informação, analisar e tirar conclusões. Então vamos a isso!

Vou basear a minha análise em três indicadores fundamentais para, pelo menos parcialmente, entender a situação económica do nosso país, sendo eles:

1) PIB per capita Português em percentagem da média da União Europeia (UE);

2) Taxa de poupanças das famílias;

3) Dívida pública em percentagem do PIB;

Comecemos então, por analisar o PIB per capita em percentagem da média europeia, que, no ano de 2001, registou valores de 84%. Isto significa que no ano de 2001 o valor do PIB per capita Português era inferior ao PIB per capita médio da União Europeia (100%), ou seja, Portugal produzia por habitante, menos do que a média dos países europeus. Seria lógico e racional pensar que, 20 anos depois, Portugal estaria numa posição mais favorável. Mas, infelizmente não, a propaganda que se observa em Portugal não passa disso, propaganda. Porque este mesmo indicador no ano de 2020 regista valores de 77%, menos 7 pontos percentuais do que em 2001. Sim, em 20 anos Portugal está mais distante da média europeia, a produzir menos do que a percentagem média dos países europeus e realisticamente MAIS POBRE.

Mas se isto não chegar para evidenciar que estamos mais pobres, há mais indicadores que o demonstram. Um deles é a taxa de poupança das famílias, e o nome diz tudo: este indicador representa a percentagem dos rendimentos das famílias destinado à poupança. Surpreende saber que este indicador, no ano de 2001 atingia valores de 13%, mas teve uma trajetória mirabolante, principalmente no período da crise causada pelo, na altura, primeiro-ministro José Sócrates, até chegarmos ao ano de 2020 onde atingiu uns míseros 7%. Sim, as famílias portuguesas só conseguiram poupar 7% do seu rendimento em 2020. Isto devia preocupar toda a população.

Por último, vou analisar e comentar o comportamento da dívida pública em percentagem do PIB português e admito, desde já, que este é o indicador que mais me deixa preocupado. Vejamos o ano de 2001 quando este indicador rondava o valor de 57%, isto significa que no ano de 2001 produzimos um valor superior ao total da nossa dívida pública. Se preferir, noutra perspetiva, da totalidade do salário que Portugal “produziu”, 57% era destinado ao pagamento de dívida pública. Agora imaginem se eu vos dissesse, que no ano de 2020 este indicador atingiu valores de 134% do PIB. Significa que neste momento Portugal tem um valor maior de dívida pública do que o seu próprio PIB. Usando a mesma analogia, neste momento devemos mais do que recebemos durante um ano. Para ser mais preciso, devemos mais 34% do que tudo que a economia Portuguesa produz. Já teremos motivos suficientes para preocupação?

Como gestor ficaria preocupado com uma situação assim, como contribuinte e cidadão, espero ansiosamente, por um Portugal que cresça e por uma oportunidade para mudar de rumo.

Artigo de opinião de Domingos Carvalho, licenciado em Gestão, mestrando em Gestão e frequência de um MBA Executivo.

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