O Caminho da Geira e dos Arrieiros, que liga Braga a Santiago de Compostela, integra uma lista de oito itinerários que o governo da Galiza vai analisar do ponto de vista da história, geografia e antropologia, no sentido da sua oficialização, um processo que demorará até dois anos.
A investigação foi entregue ao Conselho Superior de Investigações Científicas, através do Instituto de Estudos Galegos Padre Sarmiento, com sede em Santiago de Compostela, em resultado de um protocolo acabado de aprovar pelo governo da Galiza.
O Instituto de Estudos Galegos Padre Sarmiento vai elaborar as bases teóricas e a metodologia para ajudar as autoridades na avaliação e reconhecimento de caminhos de Santiago históricos, de acordo com o que prevê a lei de património cultural da Galiza.
O protocolo estende-se até 2023, prevê um investimento de 600 mil euros e a criação de uma equipa de investigação, composta por diferentes grupos de trabalho, encarregada de definir quais os critérios e documentos necessários para a homologação dos itinerários.
Posteriormente, desenvolverá o estudo e análise dos oito caminhos propostos na perspetiva da história, história da arte, geografia e território, e antropologia sócio-cultural. O resultado ditará uma decisão sobre a oficialização ou não dos trajetos.
O Caminho da Geria e dos Arrieiros é um dos percursos mais consolidados fora do circuito oficial jacobeu (mas já certificado pela Igreja), contando com referências patrimoniais indicadoras da passagem de peregrinos para Santiago desde o século XII e referências documentais desde o século XV.
Além deste itinerário, serão analisados o Caminho São Rosendo (Santo Tirso/Braga/Celanova/Via da Prata), Caminho Minhoto Ribeiro (Minho/Via da Prata), Caminho do Mar, Via Künig, Caminho de Muros-Noia, Caminho de Muxía por Brandomil e o Caminho Mariñano (estes na Galiza).
O Caminho da Geira e dos Arrieiros foi apresentado em 2017 em Ribadavia (Galiza) e Braga, reconhecido pela Igreja em 2019, reconhecido pela associação de municípios transfronteiriços Eixo Atlântico em 2020 e é um itinerário oficial da Peregrinação Europeia de Jovens do Ano Santo Jacobeu 2021/22.
Este percurso destaca-se por incluir patrimónios únicos no mundo: a Geira Romana e a Reserva da Biosfera Transfronteiriça Gerês-Xurés. Além disso, o seu traçado é um dos escassos cinco que ligam diretamente à Catedral de Santiago de Compostela.
Segundo as associações Codeseda Viva e Plataforma Berán no Caminho/AJCMR, foi escolhido por pelo menos 2.119 peregrinos desde que foi apresentado há cinco anos, 90% dos quais começaram em Braga (ou seja 1.907). Metade do total (1.060) fizeram o trajeto de 240 quilómetros a pé e os restantes em bicicleta.
Este ano concluíram o traçado 779 pessoas, até final de novembro, o segundo valor mais elevado, a seguir a 2019 (ano completo), quando foram registados 862 peregrinos.
Esta informação estatística, registada pelas associações, no café Caminho da Geira (Codeseda) e na hospedaria Casa Lucita (Berán), inclui apenas os peregrinos que assinaram os livros de registo, pelo que os números totais são superiores.