
Ricardo Rio publicou no Jornal de Notícias um artigo de opinião com o título “Sustentabilidade” que tenta transmitir essa ideia sobre a sua governação. Nada mais falso.
“Sustentabilidade” implica que a satisfação de necessidades presentes não pode comprometer a satisfação das necessidades das gerações futuras, devendo qualquer empreendimento respeitar as questões sociais, energéticas, económicas e ambientais.
Não se conhece outra cidade europeia que fundamente a sua mobilidade na priorização dos automóveis via passagens de peões desniveladas, com prejuízo dos peões, principalmente os com mobilidade reduzida. Verificamos que Ricardo Rio defende o legado automobilista de Mesquita Machado, que trouxe as passagens de peões desniveladas, contrárias a todo o fundamento legal e científico, testemunhas silenciosas do desprezo municipal pelos peões, de numerosos atropelamentos e de escandalosos excessos de velocidade automóvel.
Passos para a remoção das passagens, como diversos projectos aprovados e pagos, foram engavetados. Em reunião municipal de 01/06/2020, Ricardo Rio assumiu que não irá executar o projeto “Rodovia”, aprovado no âmbito da “Primeira fase de implementação das redes pedonal/ciclável e inserção urbana do transporte público”, por o considerar “lesivo para o trânsito [automóvel] da rodovia”. O automóvel é a sua verdadeira prioridade, apesar de mover a procura mundial de recursos, representar um pesado encargo financeiro, quer para a balança comercial portuguesa (onde, junto com os seus combustíveis, representa mais de 30% das importações), quer para os orçamentos familiares.
Apesar das crescentes necessidades de manutenção da infraestrutura municipal e da obrigação, pela Lei das Acessibilidades, de rever os passeios e passadeiras de quase todo o concelho, Ricardo Rio tem apostado em poucas (mas grandes) obras de regime, como a obra da Encosta (3 milhões de euros), do Parque de Exposições (10 milhões), do Mercado Municipal (7 milhões), por exemplo. Nenhuma é exemplo de sustentabilidade, por não incorporar materiais reciclados, por manifesta falta de eficiência energética e acessibilidades sofríveis. As opções de Ricardo Rio esgotaram a disponibilidade financeira do Município (quer fundos próprios, quer co-financiamentos), inviabilizando outras obras, urgentes e importantes (mas muito mais pequenas) e atiraram esse encargo inevitável para o futuro, agravando o custo do usufruto da resiliência aos fenómenos climáticos extremos, abastecimento de água fiável, saneamento adequado, passeios dignos e tudo o que faz uma cidade sábia, em vez de smart, trendy ou apenas bem posicionada nos rankings.
Mal estará Braga, se continuar a requalificar a cidade com as mesmas opções tomadas à data. O legado de Ricardo Rio caminha para ser muito parecido com o de Mesquita Machado: Insustentável.
Artigo de opinião de Pedro Pinheiro Augusto.