Por estes dias, Barcelos dá palco a um dos maiores certames de cerâmica e artesanato em Portugal. De facto, o nosso concelho goza de uma riqueza incomparável no que toca a construir arte a partir das mãos, com traços distintos e identidade própria. Não vou ser de falsa modéstia, os nossos artesãos são ímpares na olaria a nível nacional. Primordialmente espero que o seu talento atraia turistas e transeuntes de outras terras.
No entanto, à Capital de Artesanato falta-lhe quem lhe dê uma visão económica abrangente, que vá muito além da produção do Galo de Barcelos e o restante figurado. Aliás, nem o Artesanato tem de ser a nossa única marca, nem o Turismo o principal sector de dinamização da economia local. A eles juntam-se outras áreas de negócio que devem ser potenciadas e cativadas para que a massa crítica barcelense não migre para outros territórios.
A falta de um «terreno fértil» que propicie o empreendedorismo, a iniciativa privada, que fixe ou atraia empresas com valor acrescentado é gritante. Conforme os indicadores, como o número de empresas (14 843) e o volume de negócios (4 772 888 milhões), mencionados pelo Gabinete de Estratégia e Estudos do Ministério da Economia, em 2022, Barcelos ocupava o último lugar comparando com os restantes concelhos do quadrilátero (Guimarães, Famalicão e Braga). Portanto, o mote deve passar por atrair turistas, mas também captar negócios e empreendedores. Para tal, é crucial que exista uma agência competente, ao estilo da InvestBraga ou InvestPorto, que dê visibilidade aos interessados as caraterísticas, e os atributos que valorizam a nossa região e que os impele a investir.
Ter uma montra com letras garrafais e coloridas a dizer «Visite Barcelos» com um Galo à frente, numa exposição nacional ou internacional, é bonito, mas é apenas isso, bonito. E que tal ao Galo acrescentarmos outros pergaminhos? Apostar num canal de comunicação que seduza empresas de valor acrescentado a fixarem-se em Barcelos? Por exemplo, há poucas semanas, uma multinacional anunciou que vai abrir um escritório em Braga e criar 1000 novos postos de trabalho qualificados. Por cá, em Barcelos, contentamo-nos com a instalação de mais uma cadeia de ‘fast food’, especializada em frango frito. Todavia, todos sabemos que Barcelos tem potencial para muito mais.
Artigo de opinião de Luís Rosa, engenheiro informático e coordenador da Iniciativa Liberal Barcelos.
