
A asma é uma das doenças crónicas mais prevalentes no mundo. Em Portugal afeta cerca de 570 mil adultos (7.1% da população adulta), segundo dados do estudo Epi-Asthma de 2024. Entre crianças e adolescentes a prevalência é ainda maior, atingindo 8.4%, o que corresponde a aproximadamente 175 mil jovens.
A asma é uma doença multifatorial, resultando da interação entre fatores genéticos e ambientais, como a predisposição hereditária e a exposição a alergénios.
Caracteriza-se por uma inflamação crónica das vias respiratórias, que pode levar a sintomas como falta de ar, pieira (um som semelhante a um assobio ou gatinhos a miar), aperto no peito e tosse seca. A frequência e intensidade destes sintomas varia bastante, podendo surgir de forma intermitente ou persistente. Frequentemente, são desencadeados sintomas após a exposição ao pólen, ácaros, fumo de tabaco ou com a realização de exercício físico intenso. Em casos mais graves, as crises podem obrigar ao recurso ao Serviço de Urgência, sendo por vezes necessário internamento.
Dada a variabilidade dos sintomas, muitos doentes não reconhecem os sinais da doença e vivem durante anos sem diagnóstico nem tratamento adequados. O diagnóstico é feito com base numa história clínica e confirmado com um exame simples chamado espirometria.
O tratamento da asma tem como objetivo reduzir a inflamação das vias respiratórias, para isso contamos com vários fármacos como corticosteroides e broncodilatadores. Estes fármacos são preferencialmente administrados por via inalatória, para que atuem diretamente nas vias aéreas e haja menos efeitos adversos.
Infelizmente, muitos doentes apenas se lembram de recorrer ao tratamento inalatório nos momentos de crise, pelo que é fundamental reforçar a importância de manter a medicação de controlo conforme prescrito mesmo quando se encontram assintomáticos. O não cumprimento do tratamento aumenta o número e a gravidade das crises.
Para além do tratamento farmacológico, é essencial que haja uma identificação e evição dos possíveis fatores desencadeantes, destacando aqui a importância da cessação tabágica, sendo o tabaco um dos principais fatores precipitantes de crises asmáticas. No que diz respeito ao exercício físico, quando bem controlada, a atividade física é recomendada e pode até melhorar a função respiratória e a qualidade de vida, devendo sempre aconselhar-se junto do seu médico.
Importa também lembrar que os asmáticos têm maior risco de desenvolver infeções respiratórias graves, por isso, é fundamental que estejam protegidos através da vacinação adequada. Informe-se com o seu médico assistente (Internista, Pneumologista, Imunoalergologista ou Médico de Família) sobre as vacinas recomendadas para si e tenha o seu Plano Nacional de Vacinação atualizado!
Dada a elevada prevalência e o impacto da asma a nível global, todos os anos, na primeira terça-feira de maio assinala-se o Dia Mundial da Asma. Em 2025, este dia assinala-se no dia 6 de maio. Esta data é mais uma oportunidade para sensibilizar a população, reforçar a importância do diagnóstico precoce e promover a educação sobre uma doença que, embora crónica, pode ser bem controlada permitindo uma boa qualidade de vida aos doentes.
Artigo de Gisela Moreira Pinheiro, do Núcleo de Estudos de Doenças Respiratórias da SPMI.