Uma equipa de arqueólogos e estudantes da Universidade do Minho está no Monte do Oural, no concelho de Vila Verde, para prosseguir escavações de “um valioso achado patrimonial” construído entre 4000 a 3000 anos antes de Cristo.
A presidente da Câmara Municipal de Vila Verde, Júlia Rodrigues Fernandes, acredita que o trabalho desenvolvido ao abrigo de um protocolo entre o Município e a Universidade poderá levar a um projeto de musealização, estimulando a preservação e a valorização patrimonial e turística daquela zona.
“O nosso concelho é muito rico em arqueologia, com vestígios de ocupações em diferentes épocas, como é o caso da Citânia de S. Julião, em Ponte S. Vicente, e muitos outros locais identificados e que é fundamental disponibilizar às pessoas para visitar e conhecer melhor estes achados e a história das nossas terras e dos nossos antepassados”, defendeu Júlia Rodrigues Fernandes.
Em visita ao trabalho de escavações que está a ser conduzido no terreno pelo arqueólogo Luciano Vilas Boas, a autarca vincou a importância das parcerias com a Universidade do Minho e instituições de ciência e investigação para a valorização do território. Defende novos protocolos que permitam “avançar com outros projetos, em diferentes locais arqueológicos riquíssimos”.
As escavações no Monte do Oural decorrem junto à bacia do Rio Neiva, no âmbito do projeto de doutoramento intitulado ‘Paisagens Mortuárias durante a pré-história recente nas bacias do rio Lima e rio Neiva’, de Luciano Vilas Boas. Pretende abordar as questões relacionadas com a morte entre o período neolítico e a idade do bronze.
As potencialidades arqueológicas do Monte do Oural estão a entusiasmar o professor e investigador universitário, tendo em conta as informações que vai recolhendo à medida que avançam os trabalhos de escavação e a exploração da zona, onde abundam estruturas preservadas de tempos mais remotos.
“O potencial do sítio é muito maior do que aquele que inicialmente prevíamos. Estamos a perceber que, provavelmente, existirá um átrio, isto é, uma zona de acesso ao interior do monumento, que pensávamos que estaria destruído, mas aparentemente ele poderá estar ainda bem preservado, o que é uma boa noticia”, revelou Luciano Vilas Boas.
Nas escavações iniciais levadas a efeito em 2023, a equipa detetou a existência de um menir, onde os trabalhos estão também a incidir neste Verão, com a ajuda voluntária de estudantes de arqueologia da Universidade do Minho sob a tutela de Ana Bettencourt, diretora de curso e coordenadora do projeto de doutoramento de Luciano Vilas Boas.
Conforme explicam os responsáveis do projeto, “o menir não é muito comum no norte de Portugal, mas na bacia do Neiva, da nascente até à foz, existem alguns exemplares”. No caso do Monte do Oural, a especificidade da estrutura é acrescida pelo facto de “estar muito próxima a um monumento megalítico, o que não é nada comum”.