Uma equipa da Universidade do Minho lança esta quinta-feira uma plataforma digital inovadora para o ensino da leitura e escrita do 1.º ao 4.º ano de escolaridade. Designada “Ensinar e Aprender Português”, é adequada para aulas presenciais, a distância e mistas, permitindo atender aos ritmos de aprendizagem de cada aluno e fornecendo feedback do seu progresso.
A apresentação é às 14h30, em formato online, com as investigadoras coordenadoras Fernanda Leopoldina Viana e Iolanda Ribeiro, o diretor do Programa Nacional de Promoção do Sucesso Escolar, José Verdasca, e a comissária do Plano Nacional de Leitura, Teresa Calçada.
Este recurso tecnológico permite ao professor definir a sequência do ensino, apoiado por atividades interativas, vídeos e pdf. O suporte digital inclui a correção imediata das respostas dos estudantes e um histórico com os resultados destes. Os alunos são ainda acompanhados por oito personagens animadas, como Angelina Ensina ou a Francisca Crítica. “São tutores virtuais que explicam o que fazer, porque se erra, se é melhor repetir a tarefa ou se se pode prosseguir na matéria”, refere Fernanda Leopoldina Viana. Por exemplo, a palavra “apito” não leva a letra “u” no fim. Porquê? O truque é a sílaba forte não ser a última. “Este apoio tutorial permite à criança alicerçar conhecimentos e avançar na aprendizagem de forma diferenciada, seja na escola ou em contexto familiar”, acrescenta Iolanda Ribeiro.
A plataforma “Ensinar e Aprender Português” dispõe igualmente de provas de rasteio anuais e provas de monitorização trimestrais, para identificar estudantes que suscitam preocupação pedagógica e, em simultâneo, para aferir a eficácia das medidas de diferenciação pedagógica eventualmente implementadas. Os domínios contemplados na plataforma são: correspondência grafema/fonema, compreensão oral e da leitura, fluência da leitura, gramática, ortografia, projetos de escrita, educação literária e ainda, “passaporte de leitura”. Este passaporte virtual desafia os mais novos a colecionarem carimbos alusivos a todas as leituras que vão fazendo ao longo do 1º ciclo, na escola ou fora dela, dado que um dos objetivos desta plataforma, e todas as sequências didáticas nela incluídas, é o de criar leitores e estimular a novas viagens pelos livros.
Uma mais-valia na pandemia
“A pandemia colocou muita pressão no sistema educativo e houve crianças que, nas aulas virtuais do último ano letivo, não conseguiram aprender todas as letras para começarem a ler”, diz Fernanda Leopoldina Viana. “Para responder a uma necessidade premente, acabámos por sofrer alguma pressão no sentido de disponibilizar, já para o ano letivo 2020/21, um recurso digital que vinha a ser equacionado ao longo de projetos desenvolvidos nestes últimos anos. Pensamos que este novo recurso, que tem como pilares o ensino de qualidade, a equidade e a inclusão, constituirá uma mais-valia”, reforça.
O projeto nasceu no Centro de Investigação em Estudos da Criança (CIEC) e no Centro de Investigação em Psicologia (CIPsi), ambos da UMinho, em Braga. Foi desenvolvido nos últimos meses com a Lusoinfo Multimédia, que comercializa a plataforma. Tem a parceria do Plano Nacional de Leitura, do Programa Nacional de Promoção do Sucesso Escolar e da Investigare – Associação para a Investigação em Leitura, Escrita e Neurociências. O seu conceito foi elogiado recentemente pela Secretaria de Estado da Educação. A UMinho tem realizado vários projetos educativos com a Lusoinfo, como as coleções “Bia & Kiko”, “Manual digital”, “My English Corner” e “A Biblioteca do Gigante”. A equipa de coordenação científica da nova plataforma colabora também na vertente da educação pré-escolar do projeto “Aprender em casa”, desenvolvido pelo Governo Regional dos Açores, em parceria com a RTP Açores, que vai ter continuidade no próximo ano letivo.