O tabaco é o principal fator de risco para o cancro do pulmão. Entre 85% a 90% dos novos casos são detetados em fumadores. Somente com uma redução dos hábitos tabágicos da população se poderá atingir uma redução dos casos de cancro do pulmão. Nesta data, o Grupo de Estudos do Cancro do Pulmão (GECP” lembra que as novas formas de tabaco, entre as quais se destacam o tabaco aquecido e os cigarros eletrónicos, com crescente popularidade e aceitação entre os mais novos, não eliminam o risco e mantêm muitos dos malefícios do tabaco tradicional, de acordo com a evidência científica disponível.
“Com o conhecimento atual inegável sobre os malefícios do tabagismo, surgiram novas alternativas que têm vindo a ganhar popularidade. Existem em várias formas, tamanhos e com múltiplos sabores, e tem sido alegado que são mais seguras e até inócuas”, explica Daniel Coutinho, pneumologista do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho e membro do GECP.
“No entanto, estes produtos contêm químicos e toxinas (cancerígenas) com malefícios comprovados para a saúde”, afirma o especialista, lembrando que “a verdadeira dimensão dos seus efeitos só será conhecida daqui a muitos anos, como aconteceu com os cigarros, uma vez que os efeitos se vão acumulando no corpo ao longo dos anos e só mais tarde se traduzem em doenças”, fazendo o paralelismo do que aconteceu com o tabaco tradicional.
Por esse motivo, no dia em que se assinala o Dia Mundial Sem Tabaco, o GECP lança o alerta através das suas redes sociais, especialmente dirigido às camadas mais jovens, sob o mote “A única forma segura de fumar… é não fumar”, colocando a tónica na força de vontade e na decisão consciente, longe das ilusões que estes novos produtos procuram criar nos seus consumidores. “Não deixes que as cores e sabores se transformem em tumores” é uma das frases mais marcantes da campanha de sensibilização constituída por cartazes digitais e vídeos curtos, para alertar os jovens para os riscos destes novos produtos.
“As novas formas de tabaco continuam a ser muito prejudiciais e altamente indutores de dependência”, rematou o especialista, acrescentando que “os fumadores devem falar com o seu médico para esclarecer todas as dúvidas e procurar ajuda especializada no processo de cessação tabágica”.
Sobre o cancro do pulmão
O cancro do pulmão é o cancro mais frequente no mundo. A sua incidência aumenta a um ritmo de 0.5% por ano.
Em Portugal, foram diagnosticados em 2018 cerca de 5 mil novos casos de cancro do pulmão, representando a terceira neoplasia mais frequente. É, no entanto, a principal causa de morte por doença oncológica no país, estimando-se ter causado 4.671 mortes em 2018.
Sobre o GECP
O Grupo de Estudos do Cancro do Pulmão surgiu no ano 2000 como resultado de uma ampla necessidade de juntar esforços na promoção do conhecimento em Oncologia Pulmonar. Reúne um grupo multidisciplinar de profissionais de saúde, mantendo estreitas ligações com outros grupos e sociedades científicas, universidades e organizações da sociedade civil.