António Pedro Peixoto, conhecido como Pli, não vai candidatar-se à presidência do SC Braga, anunciou o antigo jogador na sua página oficial.
Pli explicou que esta a decisão deve-se a “razões socioeconómicas e estatutárias”, admitindo a indisponibilidade de parceiros que considerava “essenciais” para avançar com a candidatura às eleições, agendadas para 21 de maio.
De acordo com o antigo jogador de Futsal e Andebol, a questão estatutária em causa diz respeito por nenhum membro do conselho geral ter aceite integrar a candidatura. “Independentemente das minhas ambições, urge que nós, os sócios, pugnemos pela alteração deste artigo estatuário que impede que um qualquer sócio, que não consiga trazer para a sua lista um membro do Conselho Geral, não se possa candidatar e ser opção para liderar o nosso Clube”, referiu Pli.
Leia o comunicado de Pli na íntegra
“Lamentavelmente, devo comunicar que não vou ser candidato à presidência do SC Braga nas próximas eleições.
Todos sabem que o meu objetivo de vida é, e continuará a ser, chegar a presidente do meu clube.
Os motivos da minha não candidatura assentam em razões socioeconómicas e estatutárias.
Infelizmente, não podemos retirar o futebol do contexto socioeconómico que estamos a viver, em virtude da pandemia, o que leva a que muitas prioridades tenham sido alteradas a todos os níveis. Por um lado, o nosso maior património esteve afastado dos estádios. Por outro, parceiros financeiros que tinha como essenciais para abraçar este projeto não têm a disponibilidade que entendo ser necessária.
Além do mais, desta vez, não consegui, até à data, que algum membro do conselho geral se disponibilizasse a integrar a nossa lista.
Muitos podem não saber, mas qualquer candidato a presidente do S.C. Braga tem, obrigatoriamente, de indicar os seus presidentes da Assembleia Geral, Conselho Fiscal e Conselho Geral (artigo 92., nº 4 dos Estatutos do S.c. Braga).
Se, nos dois primeiros órgãos, pode ser proposto qualquer associado que tenha os anos necessários de sócio, o do Conselho Geral tem de ser membro nato desse mesmo conselho (artigo 77.º nº 2).
Ou seja, qualquer sócio que pretenda candidatar-se a presidente do S.C. Braga tem a obrigatoriedade de ter na sua lista um membro do Conselho Geral existente composto aproximadamente por 19 pessoas (presidentes e sócios beneméritos).
Isto significa que, se nenhum desses membros quiser ou puder integrar a lista de um possível candidato, esse candidato ficará automaticamente impedido de concorrer a presidente do S.C. Braga.
Uns por razões pessoais e de saúde, que tenho e devo aceitar, sem qualquer critica (agradecendo a quem esteve comigo nas últimas eleições); outros por “não se quererem meter”; outros certamente movidos por interesses que só eles saberão; outros ainda por convicção válida que não sou opção; e outros porque exercem cargos no S.C. Braga e, como tal, estão estatuariamente impedidos, não mostraram disponibilidade para integrarem este projeto.
Independentemente das minhas ambições, urge que nós, os sócios, pugnemos pela alteração deste artigo estatuário que impede que um qualquer sócio, que não consiga trazer para a sua lista um membro do Conselho Geral, não se possa candidatar e ser opção para liderar o nosso Clube.
Àqueles que me vão atacar, dizendo que se não me candidato então não devia opinar publicamente sobre os desígnios do nosso clube, digo que, sempre que entender que é benéfico, continuarei a falar na net, nas AG, ou em qualquer outro fórum, como forma de despertar a nossa direção.
Ser sócio e adepto não é, nem pode ser, concordar com tudo. O nosso clube deve ter massa crítica, sem receito de dar a sua opinião, de forma a potenciar o seu crescimento.
Aos outros que dirão “só não se candidata, porque o Braga está bem a nível desportivo”, apenas relembro que sempre defendi que o nosso clube é muito mais do que a vertente desportiva e que, nas últimas eleições, quando apresentei a minha candidatura, o nosso clube era detentor da taça de Portugal. Sendo que, se para ser presidente, alguém tem de desejar que o seu clube tenha insucesso, então espero nunca o ser, pois isso não é amar um clube, e eu amo o meu!
Se alguém defender que tenho medo, apenas exclamo, em voz alta, que não me conhece, pois, se há coisa que não tenho, nunca tive, e que nunca terei é receio de dar a cara, o peito, e tudo o que tenho para defender o meu clube, seja contra quem for!
Àqueles que depositaram em mim a sua confiança nas últimas eleições, e que esperavam que eu pudesse ser uma opção nesta, apenas peço que entendam que não podia sob pena de ir contra os meus princípios e amor ao Sc Braga ser irresponsável ao ponto de me candidatar só porque sim e para alimentar o meu ego correndo o risco de não corresponder às expectativas que tenho para o meu clube e principalmente trair a vossa confiança.
Acreditem que tentei, com a força que me conhecem, mas também peço que acreditem que não desisti de dar voz a todos aqueles que entendem que o S.C. Braga necessita de outro rumo.
A todos que estiveram comigo e sempre me apoiaram nesta etapa agradeço o apoio incondicional e que nunca vou esquecer o que fizeram bem como todas as demonstrações de solidariedade (como vos disse isto ainda não acabou!).
Por fim, a titulo de desabafo, tristeza e cansaço afirmo que tenho pena que a nossa cidade e alguns adeptos do nosso clube demonstrem medo, receio, ou total alheamento em defender princípios que, em surdina, todos se arrogam, mas que para dar a cara poucos têm a coragem.
Continuarei sempre a amar, a apoiar e a defender, de forma apaixonada, e da melhor forma que sei, o nosso clube e nossa cidade, tendo como única premissa esse amor, sem jogos de bastidores e sem segundos interesses.
Braga Sempre!”.