Sem o Parque da Cidade, Corredores e Ciclistas em Risco em Braga
Já há muitos anos que se debate sobre o Parque da Cidade de Braga poder vir a ser a solução para ciclistas e peões, tanto nas redes ou em conversas de café. Mas no outro dia lembrei-me do caso do atropelamento do atleta Francisco Laranjeira enquanto corria, tendo sido este o motivo que me levou à escrita deste artigo. Pois esta situação facilmente poderia ter sucedido aqui em Braga, dado que quem corre ou anda de bicicleta, é obrigado a fazê-lo junto do trânsito.
Falta de Infraestruturas: Ciclovias Insuficientes e Perigosas
Temos uma estrutura muito limitada, uma vez que 10 km de ciclovia é um número extremamente pequeno. Assim, quem quer fazer desporto pela cidade, ou anda às voltas em pequenos percursos como um hamster numa gaiola, ou é obrigado a conviver com o trânsito, parando várias vezes nos semáforos ou atravessando passadeiras com os riscos inerentes.
Situações Reais: Acidentes e Quase-Acidentes nas Ciclovias
Em horas de maior afluência temos pessoas a passear que muitas vezes param na ciclovia a conversar com amigos que se cruzam, pessoas a passear os seus cães com longas trelas que se atravessam na frente de todos que lá circulam e claro está, muitos outros que por lá andam a olhar para o ecrã dos telemóveis ou a ouvir música com auriculares, o que anula qualquer aviso de quem quer passar. Está aqui uma receita perfeita para que sucedam pequenos acidentes, mesmo que se corra ou circule com muito cuidado.
Estou a exagerar?
Conto duas situações que me sucederam recentemente.
1. O risco enquanto peão
Ao correr pela estreita ciclovia vi que de frente vinha um ciclista a pedalar a toda a velocidade, encosto, grito, mas ele nem me viu nem ouviu, pois ia a ouvir música de auriculares. Moral, fui abalroado pelo ciclista. Fiquei com umas nódoas negras e o telemóvel partido em consequência do embate.
2. O risco enquanto ciclista
Numa outra situação, ao circular noutro local da ciclovia, percebo que na minha frente segue uma idosa pelo que abrando muito e toco campainha. Mesmo na altura que vou passar por ela, ela muda de direção e tenho de desviar à pressa o que fez com que “felizmente” apenas batesse numa placa. As alternativas seriam ir parar ao Rio Este ou atropelar a senhora.
Estas duas situações sucederam-me a mim, um adulto consciente. Imaginem se isto tivesse acontecido com miúdos. Poderiam ser projetados no meio na via rápida ao lado da ciclovia ou ir parar ao Rio Este.
Será que há condições, mesmo tendo muitas precauções?
Segurança Noturna: A Ciclovia que Vira Aventura
Por conseguinte, uma solução passaria por ir fazer desporto em horas de menos afluência. Mas, circular pela ciclovia de noite assemelha-se mais a uma aventura que fazer desporto, há uma sensação que se pode sofrer um assalto a qualquer momento. Polícia? Nunca se vê pôr la circular de dia, quanto mais à noite…
Parque da Cidade Braga: Uma Solução Atrasada
Em conclusão, sabemos que reside aqui a grande urgência que se dê a devida prioridade ao eterno projeto do Parque da Cidade de Braga que há anos vai sendo adiado por diferentes motivos, tendo já mudado de local várias vezes. Aprovámos o projeto atual em março de 2021 e passados quase 4 anos ainda se vê este como uma miragem no deserto. Precisamos que este avance de uma vez e assim as pessoas tenham um local alternativo onde possam conviver, treinar ou passear em condições de segurança.
Conclusão: Braga Precisa do Parque da Cidade Já
Eu resolvi meu problema comprando uma passadeira para correr em casa e uns suportes de bicicleta para ir com a família percorrer as excelentes ciclovias que há na Póvoa de Varzim, Viana do Castelo ou Valença. Mas, e quem não tem condições para fazê-lo? Sujeita-se às más condições ou desiste e fica em casa.
Continuo a dizer que Braga é uma cidade fantástica, mas o slogan de “É bom morar em Braga” tem imensas exceções quando esta excelência deveria estar ao alcance de todos.
Artigo de Filipe Silva, informático e membro da Iniciativa Liberal.
