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Doentes com AVC receiam procurar hospitais para tratamento

Metade dos hospitais portugueses revelaram ter tratado até menos 50% dos casos de AVC nas últimas semanas, devido à pandemia da Covid-19.

Castro Lopes, presidente da Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral (SPAVC), explicou que a pandemia tem tido um impacto negativo nas taxas de incapacidade e mortalidade provocadas por AVC no país, uma vez que os doentes receiam procurar o hospital para tratamento, devido ao receio da infeção por coronavírus.

Esta é uma realidade que a campanha “O AVC não fica em casa” tenta combater, reforçando a ideia de que foram criadas estratégias para garantir uma Via Verde segura e o retorno ao funcionamento dos serviços de saúde, tanto a nível hospitalar como extra-hospitalar.

“O AVC não fica em casa” é uma campanha da Iniciativa Angels, um projeto de melhoria dos cuidados de saúde com o objetivo de tornar mais eficazes os cuidados de AVC em todo o mundo. A iniciativa internacional prepara os novos hospitais com cuidados de AVC e propõe-se melhorar a qualidade nos hospitais com cuidados de AVC já existentes. A cada 30 minutos, um doente com AVC, que poderia ter sido salvo, morre ou fica permanentemente incapacitado, porque não foi tratado no hospital indicado. O principal objetivo é que todos os doentes com AVC tenham acesso ao mesmo nível de cuidados independentemente da região onde se encontram.

Um inquérito da Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral (SPAVC) revelou que, de 32 hospitais portugueses, metade viu o número de doentes com AVC reduzir entre 25-50%. Face a estes números, Cláudia Queiroga, coordenadora nacional da Angels, destaca que “todos os elementos da equipa Angels estão dispostos a apoiar os doentes com AVC e a comunicar, através de canais apropriados, para ajudar a lidar com a situação atual. Queremos construir uma comunidade global de Unidades de AVC, o que significa prestar os melhores cuidados a todos os doentes com AVC. É fundamental evitar as graves consequências secundárias ao tratamento inadequado do AVC”.

“Durante o período de pandemia, tivemos uma redução no número de doentes com AVC que se deslocavam aos hospitais”, admite Castro Lopes. “Os números são preocupantes e precisamos de garantir que os doentes estão seguros para continuar a otimizar a qualidade de tratamento em todos as Unidades de AVC existentes. O tempo de chegada ao hospital é fulcral para o sucesso do tratamento, e há equipas preparadas para tratar os doentes, num circuito protegido e paralelo ao dos doentes infetados por COVID-19”, refere o especialista, na sequência de diferentes iniciativas de debate desta sociedade científica para avaliar a situação no nosso país.

A Iniciativa Angels defende ainda a importância da fase da reabilitação e do seguimento do doente com AVC, uma fase que merece tanta atenção como a fase aguda e que neste momento é motivo de preocupação. Segundo apurou a SPAVC, 93,8% dos inquiridos mostraram-se preocupados com o impacto da Covid-19 no processo de reabilitação coordenada e multidisciplinar.  “Acreditamos que vamos conseguir voltar aos processos que vínhamos implementando, com uma abordagem multidimensional para melhorar os cuidados proporcionados aos sobreviventes de AVC. Estamos motivados para continuar a lutar pelos objetivos de acesso e qualidade desta fase de cuidados”, acrescenta o fundador da SPAVC.

Para instituir processos sobre a educação do AVC nas comunidades, a Iniciativa Angels apoia ainda a campanha FAST Heroes 112, um projeto destinado a educar crianças dos 5 aos 9 anos de idade sobre como reconhecer os sintomas de AVC e como ativar corretamente os serviços de Emergência Médica, ligando 112 (Número Europeu de Emergência).

O AVC continua a ser a principal causa de morte em Portugal, sendo também a principal causa de morbilidade e de potenciais anos de vida perdidos. As primeiras horas após o início dos sintomas de AVC são essenciais para o socorro do doente, pois é esta a janela temporal que garante a eficácia dos principais tratamentos.

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