O Jardim dos Chorões foi um dos locais onde foram instalados sistemas de som durante os três dias da Noite Branca de Braga. Os Moradores da Praceta Padre Diamantino Martins contestaram o som que foi transmitido, afirmando que os ruídos excederam os níveis permitidos por lei.
António Fernandes, presidente da Associação de Moradores da Praceta Padre Diamantino Martins, falou que o som transmitido durante a noite excedeu os 80 decibéis e que provocou o “caos” naquela zona habitacional.
“Achamos que o som foi demasiado alto nos três dias em que houve a Noite Branca. Para nós foram noites em branco e não a Noite Branca porque tivemos o som, de acordo com as medições que fizemos, acima dos 80 decibéis e a lei não permite que se deve ultrapassar os 55 decibéis. Foram noites caóticas, noites que ninguém conseguiu dormir e as pessoas com alguma sensibilidade em termos de saúde sentiram-se afetadas. Tivemos reporte de alguns moradores que filmaram e enviaram-nos esses vídeos onde até as estruturas das varandas estremeciam”, disse António Fernandes.
O presidente referiu ainda que os distúrbios causados pelo som provocou mau estar a pessoas idosas e a pessoas com problemas de saúde. “Temos aqui médicos que foram diretamente para os turnos do Hospital e outras pessoas que tinham de trabalhar no dia seguinte”, disse António Fernandes, informando ainda que será enviada uma carta ao presidente da Câmara Municipal de Braga para reportar o que aconteceu na Noite Branca.
“Nós não somos contra a Noite Branca, somos sim contra aquilo que está demasiado e que prejudica os moradores deste local”, reforçou.
Na Carta Aberta dirigida ao presidente é solicitado que as autoridades controlem o estacionamento abusivo naquela zona habitacional durante os eventos, uma vez que foi impedido os acessos a veículos de emergência em situação de alerta durante a Noite Branca.
Por sua vez, Luís Pedroso, presidente da União de Freguesias de Maximinos, Sé e Cividade, demonstrou o seu descontentamento face ao “desassossego” dos moradores durante os três dias do evento, referindo que irá oferecer equipamentos de fiscalização de ruído às autoridades.
“A nossa Providência Cautelar foi indeferida mas se lerem o despacho todo existe uma baliza de oportunidade. O Senhor Dr. Juiz foi claro que não se podia exceder os 55 decibéis. Sabemos que a nossa PSP e a Polícia Municipal não têm condições para medir o ruído, daí que o nosso Executivo já encomendou equipamentos para oferecer a essas forças policiais. Era perfeitamente audível o ruído e o meu relógio chamou-me a atenção que eu estava num ambiente demasiado ruidoso. Sabemos que nestas coisas tem que haver bom senso, tem que haver cedências de parte a parte e o que é certo é que nestes oito anos que temos vindo a falar, só tem havido cedência para a parte empresarial e os moradores têm que ser mais respeitados”, sublinhou o autarca.
Luís Pedroso relembrou que entretanto irá haver outros eventos na cidade e que “é preciso haver um consenso entre moradores e promotores”.
“Entretanto vai haver outros eventos e nós não estamos contra isso. Nós queremos São João, Noite Branca, Braga Barroca, Braga Romana e queremos movimento na cidade. Queremos é ter DJs em sítios apropriados e não durante a noite e vou dar um exemplo. No dia 23 de junho, noite de São João, na Rua Dom Paio Mendes teve um DJ a atuar até às 05:30 da manhã para as gaivotas porque não estava lá praticamente ninguém e as pessoas é que ficaram todas desassossegadas e é isso que nós não queremos. Fui nomeado pela coligação ‘Juntos por Braga’ e estou de alma e coração na coligação mas não quero que se oiça dizer que vá concordar com tudo”, contestou Luís Pedroso, reforçando que “as Câmaras de Lisboa e Porto começaram a pensar a problemática do ruído de outra forma e a única coisa que queremos é que se comece a pensar nisto de outra forma. Podemos ter uma harmonia que se calhar até é um imperativo porque presentemente os moradores e os promotores estão de costas voltadas e isso não é bonito. Acho que a harmonia e o consenso é que devem existir”, apelou o presidente.
Luís Pedroso fez um pedido de uma Providência Cautelar que lhe foi negada face ao licenciamento de instalações de som de DJs na via pública durante a Noite Branca. Vários vídeos do evento foram também partilhados pelos moradores nas redes sociais.