
Um estudo da Universidade do Minho (UMinho) revela que a maioria dos professores de Biologia e Geologia do ensino básico e secundário em Portugal não se sente preparada para lecionar conteúdos sobre ecoética, uma área emergente que foca a responsabilidade humana perante o ambiente. A tese doutoral de Luísa Carvalho, defendida esta tarde, sugere mais formação na área para os professores, os quais devem ser agentes-chave na construção de uma cidadania ecológica ativa e informada.
Financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, o estudo teve início em janeiro de 2021 e visou perceber se aqueles docentes estão predispostos e capacitados para incluir a ecoética nas suas práticas pedagógicas, já que lidam diretamente com a interação entre a natureza e a sociedade. Para tal, aplicou-se um questionário, ao qual responderam 293 professores no ativo, e fez-se entrevistas a um grupo complementar de 10 docentes. Os resultados mostram que os inquiridos reconhecem a relevância dos atuais desafios ambientais e afirmam integrar perspetivas éticas nas suas aulas. Porém, os docentes admitem também ter um conhecimento limitado do conceito de ecoética e apontam falhas na sua formação inicial e contínua neste domínio.
“É urgente rever os programas curriculares e investir na formação dos docentes para garantir uma educação ambiental mais completa e transformadora”, apela Luísa Carvalho. “A ecoética contribui para a formação de pessoas mais conscientes, críticas e comprometidas com a sustentabilidade, logo precisamos de formação docente adequada para se aprofundar este tema nas escolas e, de forma indireta, contribuir assim para a resolução de problemas ambientais”, realça a recém-doutorada. Por exemplo, sobre como fazer escolhas ecológicas, como viver sem ecoansiedade e como influir positivamente nas ações humanas perante os ecossistemas.
Luísa Carvalho nasceu em Braga há 36 anos. É licenciada em Biologia-Geologia, mestre em Ensino de Biologia e Geologia e doutorada em Ciências da Educação, sempre pelo Instituto de Educação da UMinho, onde desenvolve também a pesquisa no Centro de Investigação em Educação (CIEd). Na última década lecionou em vários estabelecimentos nos distritos de Braga e do Porto e participou num projeto de reforma curricular do ensino básico da Guiné-Bissau, apoiado pela UNICEF e pela Fundação Calouste Gulbenkian. Tem publicado artigos em diversas revistas científicas internacionais.