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D. José Cordeiro encontrou-se com os reclusos do Estabelecimento Prisional de Braga

© João Torres

D. José Cordeiro, Arcebispo de Braga, foi, esta sexta-feira, o convidado do projeto “Café com…”, promovido pela Pastoral Penitenciária de Braga, para falar aos reclusos do Estabelecimento Prisional de Braga.

D. José Cordeiro, acompanhado pelo Padre João Torres, coordenador da Pastoral Penitenciária de Braga, encontrou-se com os reclusos católicos e de outras confissões religiosas. Foi recebido pelo diretor do Estabelecimento Prisional de Braga, António José Machado Soares, pela adjunta Ana Maria Pacheco Gomes da Silva, pelas técnicas superiores de Reeducação e pelo chefe do corpo da Guarda Prisional, Jocelino Joaquim Rocha Moreira.

O Arcebispo Primaz, de forma descontraída, abriu um pouco o livro da sua vida aos reclusos do Estabelecimento Prisional de Braga. “A vida de Arcebispo é um desafio constante, nesta Arquidiocese com muitas paróquias e inúmeras instituições e movimentos. Tenho a necessidade de ir ao encontro das pessoas para conhecer as suas tristezas e alegrias. Foi isso que me trouxe hoje ao encontro convosco. Também rezo por vós”, disse D. José Cordeiro.

Interpelado por um recluso sobre se Deus também olha para eles, o Arcebispo de Braga disse que “Deus olha para vós com muito amor e espera muito de vós. Espera que o que aconteceu de mal na vossa vida não se repita e que possais escrever coisas novas e belas nas vossas vidas.  Que este tempo de reclusão não seja um tempo perdido, mas vos ajude a sonhar a serdes melhores pessoas para a vossa família e para a sociedade”.

O Prelado de Braga, olhando para cada recluso, falou-lhes com a linguagem evangélica que “não se detém no pecado e na condenação, mas que se abre ao renascimento e ao perdão. Encorajou aquelas pessoas privadas de liberdade a viverem o tempo na prisão como um momento favorável para voltarem a si mesmas e encontrarem a verdadeira liberdade”. Apelou a todos os funcionários do Estabelecimento Prisional para “viverem este trabalho com espírito de serviço”.

No final do encontro, apertou a mão de todos e perguntou-lhes sobre suas vidas, suas famílias, seus locais de origem. A todos transmitiu “esperança, proximidade, solidariedade” e o desejo de estar ao lado deles “neste difícil caminho que os espera”.

O padre João Torres faz um balanço “muito bom desta conversa”, realçando que “estes encontros são muito importantes para os reclusos, são como uma liturgia, onde as relações ajudam a redesenhar a vida. Falar positivamente sobre a vida que se vive nas prisões é sempre um desafio. O maior problema das prisões é o silêncio oficial e da inteligência moral deste país sobre o assunto. Somos omissos na nossa responsabilidade moral e anónimos na explicação dessa irresponsabilidade, que preferimos esconder de nós próprios”.

Citando o antigo Ministro da Justiça, Laborinho Lúcio, partilhou que “um preso não é apenas o crime que cometeu. Um preso é uma vida. O crime, um acontecimento nela. Que a marca. Que, muitas vezes é consequência dela. Mas que não a apaga. É ela, a vida inteira já vivida, que deve tomar-se como lugar de encontro. Num país católico como o nosso, raramente se fala dos presos, das vítimas dos presos, das famílias dos presos”.

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