Os últimos dados divulgados pelo Barómetro da Associação Empresarial de Braga indicam que no 2.º trimestre de 2023, apesar de um abrandamento da atividade económica, os setores do comércio e serviços, da restauração e do alojamento, em Braga, mantiveram a trajetória de crescimento iniciada no período pós-crise pandémica.
Segundo Daniel Vilaça, presidente da Associação Empresarial de Braga, os setores do comércio e da restauração de Braga “continuam a demonstrar uma enorme vitalidade e dinamismo”, registando, no 1.º semestre de 2023, um crescimento de 35% e 42%, respetivamente, face a igual período do ano transato.
“Um crescimento assinalável, bastante acima da média nacional e que é obtido num contexto socioeconómico marcado pela forte subida das taxas de juro e pela diminuição dos índices de confiança dos consumidores”, realça Daniel Vilaça.
Para o presidente da Associação Empresarial de Braga, estes resultados só são possíveis graças ao “extraordinário trabalho que é desenvolvido na promoção e dinamização de Braga enquanto destino de compras, bem como ao dinamismo e constante capacidade de inovar dos empresários da região”.
Na indústria, salienta-se o comportamento positivo das exportações que, nos primeiros cinco meses do ano, em Braga, registaram um crescimento de 16% face ao período homólogo, uma taxa significativamente mais elevada do que a média nacional (5%).
Daniel Vilaça refere que “a grande resiliência das empresas exportadoras do concelho face ao abrandamento do comércio internacional”, destacando o “excelente desempenho das exportações no setor dos instrumentos de medida, de controlo ou precisão e aparelhos médico-cirúrgicos”, que regista um volume acumulado de 325,4 milhões de euros de exportações, desde o início do ano, e um crescimento expressivo de 38% face ao período homólogo, e do setor das “máquinas, aparelhos e materiais elétricos”, que, até maio, segue com um volume global de 153,6 milhões de euros de exportações, que corresponde a crescimento de 23% face ao igual período do ano transato.
Daniel Vilaça aponta, ainda, os resultados das exportações de vestuário, com um crescimento de 19%, nos primeiros 5 meses do ano. “Um desempenho que contrasta com a estagnação que se verifica no setor e que demonstra a especialização distintiva das empresas têxteis do concelho de Braga”, evidencia.
Se em abril o FMI previa que o volume de trocas comerciais aumentasse 2,4% em 2023, depois de em 2022 ter registado um crescimento de 5,2%, agora, os analistas do Fundo antecipam que o comércio mundial cresça apenas 2% este ano. Segundo Daniel Vilaça, estas “mais recentes previsões apontam para um crescimento do comércio internacional, para o ano de 2023, ainda mais limitado do que se previa há três meses, em resultado do declínio da procura global e das mudanças na sua composição para bens e serviços nacionais”. Perante este enquadramento, o Presidente da AEB assume que “o arrefecimento do comércio mundial deve preocupar-nos, já que sinaliza um contexto mais difícil para o segundo semestre, podendo mesmo contaminar 2024”.
Daniel Vilaça considera, assim, “essencial que os programas de apoio Portugal 2030 sejam operacionalizados com a maior brevidade possível, com o objetivo de mitigar este abrandamento da economia mundial e, sobretudo, para que as empresas portuguesas possam investir em processos de inovação e na sua capacidade produtiva, de forma a se tornarem cada vez mais competitivas à escala global”.
Ao nível interno, o presidente da Associação Empresarial de Braga considera que “a diminuição progressiva na taxa de inflação, conjugada com a estabilização dos custos da energia e combustíveis, irá suavizar os efeitos provocados pelos aumentos das taxas de juro, o que poderá indiciar que, até final do ano, poderemos manter um desempenho em linha com o registado no 1.º semestre de 2023”.